Dias ruins: nem todo dia é nosso melhor dia

Não é porque eu encho a boca pra dizer que estou estável (da bipolaridade e depressões) que eu não tenho dias ruins. As segundas-feiras são especialistas nisso. Sabe aquele dia que dá vontade de voltar pra cama, colocar o travesseiro na cabeça e o cobertor em cima, para ver se a vida não te acha? Aquele inferno astral que acontece em qualquer momento do ano? A sensação de que não fomos convidados para todas as festas do mundo? Eu sei que você sabe. Vivemos numa cultura da felicidade. O Instagram está aí para provar. Afinal, ninguém posta: “Tomei um pé na bunda. Como é que funciona o Tinder?”; “Hoje acordei com o pé esquerdo e ainda torci”; “Engordei 2,5 kg no fim de semana. Maldito pudim da tia Nenê!”; “Hoje é o dia dele. Ele que é responsável pelos meus maiores traumas. Feliz dia, pai.”

Portanto, desinstale o Instagram até segunda ordem. Aliás, antes disso, posta um #tbt com uma foto sua de biquíni, magra, de preferência num lugar bonito. O maior amigo dos dias ruins é a procrastinação. Sabe quando o prazo de um trabalho tá fungando no seu pescoço e você está jogando Candy Crush? Vou compartilhar minhas estratégias para esses dias. Quem sabe servem pra você também. De cara eu pego um caderninho e escrevo tudo o que eu tenho/tinha pra fazer, para eliminar o medo de esquecer alguma coisa, enquanto pego balinhas coloridas no celular. Depois venho com canetinhas grifa texto coloridas e classifico as tarefas em:

  • Alguém vai morrer se eu não fizer?
  • Eu vou morrer se eu não fizer?
  • Dá pra aguentar até amanhã? (nesses dias vale a frase: “Deixe pra amanhã o que tá difícil fazer hoje”).
  • Dá pra empurrar pra alguém? Opa, delegar?
  • Sejamos sinceros, eu sei que não vou fazer isso (risca).
  • Jogar para o infinito.

Outra boa ideia é lavar a louça ouvindo sofrência ou uma música cafona de sua preferência. O tempo vai passar e a cozinha vai ficar arrumada, o que vai trazer alguma satisfação nesse dia miserável. Alguns copos serão quebrados? Provavelmente. Mas vale o custo-benefício. Se possível, sobretudo aos fins de semana, vá ao cinema. Aquele escurinho é quase um esconderijo. Encha a cara de pipoca doce sabor chocolate (o Cinemark veio com essa agora). Não tem como não tirar o foco dos nossos problemas. Vão te mandar meditar. Não faça isso com você hoje. Dias ruins virão. E o que precisamos é não deixá-los se acomodar no sofá. Eu sei que é irritante ouvir isso, sobretudo nos dias ruins. Mas o fato é que vai passar.