Discurso de Bolsonaro convoca população a pressionar medidas para impedir posse de Lula, opina Constantino 

Após a primeira aparição pública do presidente Jair Bolsonaro (PL) para apoiadores, nesta sexta-feira, 9, o comentarista Rodrigo Constantino avaliou a atitude como importante e ponderou que o silêncio do parlamentar já passava do limite razoável. Durante participação no programa 3 em 1, da Jovem Pan News, o economista observou que o discurso alimentou a esperança de quem está nas ruas e não aceita o resultado das eleições de 2022. Para ele, a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) provavelmente foi fraudada. “Tudo que o Alexandre de Moraes vem fazendo, em alguns casos com a aquiescência e concordância dos seus pares, configura uma ruptura institucional. Já houve um golpe no Brasil. Essa é a visão de muita gente. Assim como é a visão de muitos juristas renomados de que existe sim medidas dentro da Constituição para restaurar a harmonia e independência entre os poderes. O que o presidente diz são mensagens contundentes. Precisa ter confiança nas Forças Armadas mas ela precisa cumprir seu papel. Ele é o chefe das Forças Armadas. Só desiste quando acaba e o comunismo vai der derrotado pelos militares. Ou seja, está configurada quase uma chamada para ação de que precisa da pressão do povo para alguma coisa acontecer que não permita que o Lula ladrão volte à cena do crime. Eu li assim. Eu estou fazendo análise, não estou convocando ninguém, não é meu papel. Mas eu entendo que tem muita gente depositando todas as esperanças no presidente e nas Forças Armadas para que o Brasil não siga o caminho da Venezuela”, observou.

Nesta sexta-feira, 9, Bolsonaro encontrou com apoiadores pela primeira vez após as eleições de 2022, que deram a vitória a seu opositor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde a divulgação do resultado, ele realizou poucas presenças públicas e deixou de lado suas tradicionais lives nas redes sociais, focando exclusivamente em eventos oficiais. Foram 40 dias de reclusão para o público, apesar do atual presidente ter continuado a trabalhar de forma interna. No gramado próximo ao Palácio Alvorada, em Brasília, Bolsonaro ouviu manifestantes que demonstraram apoio ao político e entoaram gritos. “Devo lealdade a todos os brasileiros. Ao longo de quatro anos, nós despertamos o patriotismo no Brasil. O povo voltou a admirar a sua bandeira. O povo voltou a acreditar que o Brasil tem jeito. Não é fácil você enfrentar todo o sistema. A missão de cada um de nós não é criticar, é unir. Muitas vezes, vocês têm informações que não procedem. Pelo cansaço, pela angústia, pelo momento, passam a criticar. Tenho certeza, entre as minhas funções garantidas pela Constituição, é ser o Chefe Supremo das Forças Armadas. As Forças Armadas são essenciais em qualquer país do mundo. Sempre disse, ao longo destes quatro anos, que as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo. As Forças Armadas, tenho certeza, estão unidas. As Forças Armadas devem, assim como eu, lealdade ao nosso povo, respeito à Constituição e são um dos grandes responsáveis pela nossa liberdade”, discursou. Bolsonaro avaliou que o Brasil está vivendo um momento de provação, mas que é sempre tempo para acordar, ainda que seja difícil. “Não é ‘eu autorizo’ não. É o que eu posso fazer pela minha pátria. Não adianta jogar a responsabilidade para uma pessoa só não, eu sou como vocês”, brandou. Ele relembrou a facada sofrida durante a campanha presidencial de 2018 e alegou que corre risco de vida o tempo todo. Bolsonaro ainda agradeceu o apoio recebido e disse nunca ter visto manifestações pedindo para um presidente ficar. “Nada está perdido. Ponto final somente com a morte. Nós nunca saímos das quatro linhas da Constituição e acredito que a vitória será dessa maneira”, declarou. Ele finalizou afirmando que a sociedade tem o poder de mudar o futuro da nação e pedindo mais união e menos críticas.