Doria diz que reestatização da Eletrobras é um ‘retrocesso’, elogia Tarcísio e afirma que virou ‘liberal social’

Nesta sexta-feira, 19, o programa Pânico recebeu o ex-governador de São Paulo, João Doria. Em entrevista, ele opinou sobre os primeiros cinco meses de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revelou que se transformou em um “liberal social” e fez elogios a dois políticos: o ministro da Fazenda Fernando Haddad — de quem se considera”amigo” — e, principalmente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Houve uma evolução positiva na questão ambiental e eu reconheço, sou uma pessoa que respeitei como governador as causas ambientais. Não sou apoiador, vinculado e nem fornecedor. Os mecanismos de proteção na região da Amazônia foram corretos, inclusive a proteção das comunidades indígenas. Há um tempo longo pela frente, mas há uma sinalização. Acho que ele [Fernando Haddad] teve um bom aprendizado, procurou dialogar com o presidente do Banco Central, ao invés de agredi-lo. É assim que se constrói”, citou o tucano, contrapondo “as condenáveis agressões” de Lula a Roberto Campos Neto. Por outro lado, Doria comparou o atual governo federal com a gestão de Jair Bolsonaro na pandemia. “Não dá para fazer a condenação do governo Lula em cinco meses. Quando veio o período da pandemia, evidentemente foi uma posição equivocada do governo [Jair Bolsonaro]. Sem voltar ao passado para fazer juízo, temos que não só torcer, como a sociedade civil trabalhar para que o governo cuide da gestão e não tenha a prioridade ideológica e política. Essa deve vir quando as eleições chegarem, mas até 2026, a gente tem um longo período pela frente”, refletiu.

Questionado sobre seu passado como prefeito e governador, João Doria afirmou que não pretende voltar à política, mas teve aprendizados durante seus mandatos em São Paulo. “Sou um liberal social, esse é um outro ganho de ter sido governador. Entrei como liberal, saí como liberal social. Aquele que defende uma economia liberal, mais privada e menos pública. Tive o aprendizado de que a pobreza é muito grande, a necessidade do governo agir é maior que eu imaginava no passado”, justificou. “Por isso sou mais compreensível em relação ao diálogo, mais paciente e mais tolerante. Sábio é aquele que aprende com seus erros. Tem que evoluir permanentemente”, destacou, sinalizando ser a favor de políticas sociais. “Mas considero um retrocesso reestatizar a Eletrobras“, ponderou. “Não ouvi isso do ministro Fernando Haddad, mas de figuras do governo atual. Mais do que um atraso, é um risco para a imagem do Brasil. Investidores internacionais querem duas coisas: segurança jurídica e segurança institucional.”

Ele também opinou sobre Tarcísio de Freitas e afirmou ainda ser contra a reeleição. “Eu sempre disse que seria de um único mandato, não dois mandatos. Na prefeitura também, sou contra a reeleição e continuo como cidadão sendo contra. Não houve nenhum prejuízo. Fiz uma boa escolha do vice Rodrigo Garcia, foi extraordinário, secretário de governo. Me sucedeu bem como governo do Estado de São Paulo. A eleição do Tarcísio trouxe uma boa surpresa. Ele está trazendo a pauta liberal, a pauta construtiva, sensata no âmbito da educação e da saúde”, elogiou.

Com as medidas contrárias aos shows de comédia do humorista Léo Lins, João Doria também deu sua opinião sobre censura e afirmou que mesmo a Justiça deve pensar em limites para ocasiões extremas. “Acho que há um certo exagero, sim. É preciso ponderação, tudo exige equilíbrio. Não pode ir para o extremo, mesmo na prática da Justiça”, argumentou. “É o mesmo que imaginar que um policial pode matar alguém em nome da lei simplesmente porque é um policial. Não pode, há circunstâncias em que em legítima defesa pode ter essa ocorrência, mas você não pode utilizar a lei no extremo a ponto de dar a percepção de que há um cerceamento, censura. Seja jornalista, humorista, escritores ou cidadãos”, concluiu.