El Niño historicamente forte está a caminho
A agência climática dos Estados Unidos (NOAA) apontou que há 54% de chance de ocorrência de um El Niño historicamente forte até janeiro de 2024. Os modelos de computador estão prevendo que as temperaturas do Oceano Pacífico Equatorial, região onde os meteorologistas fazem as medições do El Niño, ficarão em 2°C ou acima por tempo suficiente para configurar a alta intensidade do fenômeno. Desde 1950, os eventos de El Niño mais fortes foram registrados em 1972-73 (2,1 °C ), 1982–83 (2,2 °C), 1997–98 (2,4 °C) e 2015–16 (2,6 °C). Segundo a NOAA, é muito improvável que o atual El Niño ultrapasse os 2,5 °C, o que configuraria um “Super El Niño”. Se isso acontecer, o Brasil terá um El Niño com condições muito semelhantes ao evento que levou à quebra da safra 2015/2016 quando a temperatura atingiu 2,6°C.
Embora eventos de El Niño mais fortes aumentem a probabilidade de anomalias climáticas, ou seja, no caso do Brasil, excesso de chuva no Sul e falta de chuvas em áreas mais ao Norte do Brasil, isso não significa que os impactos esperados surgirão em todos os locais ou serão de forte intensidade. Para 2024, é esperado que o fenômeno El Niño continue a impactar as condições climáticas até abril, sinalizado pelas barras em vermelho no gráfico. E atenção: não é incomum que depois de um El Niño forte venha um La Niña. De acordo com a agência climática dos Estados Unidos, a maioria dos eventos mais fortes de El Niño foi seguida por La Niña.
Na arte de probabilidades, já começamos a ver a partir da metade do ano que vem barras em azul crescendo, o que significa potencial de volta do La Niña, que tradicionalmente diminui as chuvas no Sul e aumenta em áreas mais ao Norte do Brasil. A ocorrência de um fenômeno La Niña e neutralidade climática para o período entre julho e setembro estão praticamente empatadas, enquanto o El Niño aparece em terceiro lugar. As condições climáticas com a presença do El Niño já estão afetando a safra brasileira. A intensidade, a duração e os impactos do fenômeno de agora em diante ditarão o sucesso ou não da temporada de grãos 23/24 por aqui.