Em 1974, a seleção derrotou a Argentina, mas perdeu para a poderosa Holanda

Depois da vitória diante da Alemanha Oriental por 1 a 0, na segunda fase da Copa de 1974, a seleção brasileira enfrentou a Argentina e finalmente fez uma boa apresentação.  Pela primeira vez, Zagallo repetiu uma formação no torneio: “Hoje joga o mesmo time”, era a manchete da Folha de S.Paulo, que destacava: “Hoje, o Brasil volta a vestir camisas azuis, contra uma seleção que tradicionalmente é sempre um espinho atravessado na sua garganta: a imprevisível, voluntariosa e irregular Argentina. Esse jogo tem uma importância fundamental na campanha da seleção brasileira na atual Copa: se ganhar, jogará em igualdade de condições com a Holanda, quarta-feira, em Dortmund, para decidir o vencedor do Grupo A”.

Com gols de Rivellino e Jairzinho, a equipe nacional garantiu o resultado: 2 a 1. “Nossa seleção é incrível. Incrível, na verdade, era a possibilidade da equipe de Zagallo chegar à final da Copa”, ironizava a Folha em relação ao mau futebol apresentado. 

Contra a Holanda, o mundo assistiu ao duelo entre o futebol tricampeão e a sensação da Copa de 1974. A partida foi disputada no acanhado Westfalenstadion, em Dortmund. Apesar de ser uma realidade, o futebol holandês ainda era desconhecido de muita gente. O próprio Zagallo sabia pouco sobre os jogadores adversários. Quando questionado sobre as qualidades de Cruyff, o treinador brasileiro perguntava: “Quem, o Crush?”. Crush era um refrigerante de laranja da época.

O treinador mais uma vez repetiu a escalação da equipe. O primeiro tempo foi equilibrado. Leão fez uma defesa milagrosa em um chute de Cruyff. Jairzinho e Paulo César perderam chances de colocar a bola nas redes de Jan Jongbloed, goleiro que usava lentes de contato. Mas, no segundo tempo, a Holanda dominou o Brasil e balançou as redes com Neeskens e o próprio Cruyff: 2 a 0. A Folha de S.Paulo trouxe a seguinte manchete em 4 de julho de 74: “O futebol sem gols morreu ontem”. Na sequência, a análise: “A queda do Brasil diante da Holanda foi a confirmação da morte e da fragilidade de um futebol defensivo, medroso e preso armado pelo técnico Zagallo para tentar a conquista de mais uma Copa. O maior vencedor foi o gol, objetivo final da nova mentalidade de jogo da Europa, onde o futebol conjunto e ofensivo substituiu a habilidade e o gênio individual”. Na decisão do terceiro lugar, a Polônia, do craque Lato, derrotou o Brasil por 1 a 0. 

Ouça agora os gols dos jogos da seleção diante da Argentina e da Holanda com a narração de Armindo Antônio Ranzolin, da Rádio Guaíba. Os áudios foram gentilmente cedidos pelo pesquisador Ciro Götz. Amanhã destaco aqui no “Memória da Pan” a íntegra da finalíssima da Copa entre Alemanha e Holanda.