Empatiopata: como o excesso de empatia pode atrapalhar a vida da gente

Você deve saber o que é empatia. De qualquer forma, tá na mão: empatia é a capacidade de se identificar com outra pessoa e sentir o que ela sente. E quem tem dificuldade de senti-la, o que é? A psiquiatria responde: psicopata. Mas e quem sente empatia demais, como chama? Não existe um nome técnico pra isso, mas vou me aventurar e criar um neologismo: “empatiopata”. Ou seja, quem tem uma empatia patológica. Concordo que ter empatia é nobre. Dizer que sou muito empática parece um autoelogio, mas posso afirmar que, em excesso, não é legal.
Por exemplo, já tirei uma prateleira da parede da minha casa porque minha irmã estava precisando de uma igual-zi-nha pra colocar uns livros que estavam amontoados na sala dela. Me compadeci com seu “problema”, mas depois fui eu que amontoei livros no meio da minha sala. O perigo é quando o sofrimento do outro nos invade como se fosse nosso. Lembrando, já temos as nossas dores, que não são poucas. E esse acumulado pode nos paralisar, jogar na cama até. Sobretudo quando estamos impotentes diante da situação. O mundo está aí pra não me deixar mentir.
Mas tem um caso em que o excesso de empatia pode ser bom. Chamo de “empatia funcional”. Ela acontece quando podemos fazer algo pelos outros. Nesse caso, o ajudado se sente bem e o empático também. A empatia nunca vem sozinha. Se psicopatas não sentem remorso, empatiopatas são afundados na culpa. Muitas vezes, de coisas pelas quais não temos culpa nenhuma. O amigo perdeu o emprego. Será que tem a ver com aquela cola que não passei pra ele na prova de estatística (15 anos atrás)?
Um sentimento que também anda junto com a empatia é a pena. A pena é um sentimento dúbio. Pressupõe que estamos numa posição superior, mas também nos faz sofrer pelo problema outro. Faça-me um favor: tenha pena de si mesmo (não muito, tá?). O fato é que lidar com sentimentos não é fácil. E saber dosar a empatia é mais um dos desafios que enfrentamos. Estão com pena de mim? Não fiquem. Minha vida é como todas as vidas, com altos e baixos. E, no geral, ela é boa. Mas obrigada pela empatia.