Empresa brasileira demonstra como atuar na prática seguindo os critérios ESG

A governança ambiental, social e corporativa — do inglês environmental, social and corporate governance — é um tema que tem ganhado bastante visibilidade nos últimos anos. O setor empresarial passado por mudanças, de forma a considerar cada vez mais as questões ambientais, sociais e de governança como pontos essenciais de suas análises de riscos e decisões de investimentos. Por definição, ESG é um conjunto de padrões e boas práticas que visa definir se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada. Empresas que atuam seguindo a prática ESG são aquelas que trabalham em prol dos objetivos sociais e ambientais, adotando estratégias para além daquelas que visam apenas os lucros da corporação. 

De acordo com a Rede Brasil do Pacto Global — a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com mais de 16 mil participantes, entre empresas e organizações, distribuídos em 70 redes locais, que abrangem 160 países —, o termo “ESG” foi cunhado em 2004 em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada “Who Cares Wins”. Surgiu de uma provocação do secretário-geral da ONU na época, Kofi Annan, a 50 CEOs de grandes instituições financeiras sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais. Na mesma época, a Unep-FI lançou o relatório Freshfield, que mostrava a importância da integração de fatores ESG para avaliação financeira. 

Como a importância dos critérios ESG está sendo consolidada 

Segundo o Climate Change and Sustainability Services, da Ernest Young, as informações ESG são essenciais hoje para a tomada de decisões dos investidores. Um relatório da PwC indica que até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em fundos que consideram os critérios ESG, o que representa US$ 8,9 trilhões, em relação a 15,1% no fim do último ano. Além disso, 77% dos investidores institucionais pesquisados pela PwC disseram que planejam parar de comprar produtos “não-ESG” nos próximos dois anos.

No Brasil, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões em 2020 — mais da metade da captação veio de fundos criados nos últimos 12 meses. Este levantamento foi feito pela Morningstar e pela Capital Reset. O país também tem demonstrado cada vez mais uma preocupação com os ODS — Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que estão totalmente relacionados aos critérios ESG. A relação dos ODS com os negócios está presente nas grandes empresas nacionais. De acordo com um levantamento realizado com as companhias que fazem parte do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da B3, 83% delas possuem processos de integração dos ODS às estratégias, metas e resultados.

BBF gera renda e empregos ao mesmo tempo em que auxilia comunidades locais e promove melhorias em infraestrutura (Divulgação/BBF)

Empresa brasileira é exemplo da aplicação ESG na prática de trabalho 

A BBF – Brasil BioFuels nasceu em 2008 com o objetivo inicial de mudar a matriz energética da região Norte e descarbonizar a Floresta Amazônica. O trabalho inédito seria feito a partir de uma nova matriz, sustentável e limpa, que substituiria o óleo diesel fóssil por biodiesel feito a partir do óleo de palma e geraria assim uma energia limpa e mais barata para a população nortista, fruto de um processo 100% integrado. O movimento partiu inicialmente de acionistas individuais que compartilhavam um compromisso com a floresta, com as futuras gerações e com o planeta. Entre eles, Milton Steagall, fundador e CEO do Grupo BBF. “O propósito da BBF tem a ver com transformação. É devolver para a Amazônia a riqueza que ela nos oferece. E a primeira ação, nesse sentido, passa por acolher e dar oportunidade para as pessoas que estão lá desde sempre. Esse é o principal objetivo”, pontua o executivo. 

Para além dessa missão inicial, o escopo de atuação da empresa impacta em outros resultados, como a criação de empregos, geração de renda para a população local e promoção do desenvolvimento econômico e social da região amazônica. Hoje, a BBF gera mais de 6 mil empregos diretos e 18 mil indiretos, se destacando como uma das maiores empregadoras no Norte do país. Os moradores locais encontram postos de trabalho, por exemplo, no plantio, manejo e processamento do óleo de palma, pois o trato com a palma é todo manual, ao contrário de outras culturas, como milho e cana, que são mecanizadas. 

Além disso, por meio do Programa de Agricultura Familiar, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a BBF incentiva mais de 400 famílias nas comunidades dos municípios de Tomé Açu e Acará, no Estado do Pará. A elas, a Brasil BioFuels fornece mudas, permuta para compra de fertilizantes com preços acessíveis, assistência técnica com especialistas no cultivo de dendê, auxílio para crédito bancário, estímulos à melhoria contínua e garantia de compra dos frutos a preços competitivos do mercado. 

Empresa atua no cultivo da palma de óleo seguindo a política de não-desmatamento (Divulgação/BBF)

Em paralelo, a empresa investiu em diversas melhorias para as comunidades que residem no entorno de suas operações. No Pará, por exemplo, entre os destaques das benfeitorias em infraestrutura e serviços estão a construção de nove pontes, a manutenção de mais de 650 quilômetros de estradas vicinais, construção de poços artesianos e estruturas de caixas d’água para as comunidades, cursos profissionalizantes, palestras de preservação ambiental em escolas públicas, assistência técnica de fitossanidade aos agricultores da região, entre outros. Ou seja, é um trabalho que vai muito além do core da corporação, expandindo os ganhos da operação para além daqueles próprios para a empresa.

Preocupação ambiental 

Na parte ambiental, a atuação da BBF também cumpre seu papel. Ela possui uma rigorosa política de não-desmatamento. O modelo de plantio da palma preza por preservar e conservar as áreas de floresta nativa, incentivando a recuperação de áreas degradadas e acelerando a captura de carbono na Floresta Amazônica. O Brasil se destaca como referência global no cultivo sustentável da palma de óleo. Aqui, o governo federal possui, desde 2010, o Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo. A iniciativa proíbe a derrubada de floresta para esse fim e determina que o cultivo seja feito apenas em áreas previamente aprovadas e demarcadas para o seu cultivo, que já tenham sido desmatadas até dezembro de 2007, seguindo o Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo. Ou seja: além de inibir novos desmatamentos, a medida encontrou uma solução para não cometer os erros passados em outros países — na Indonésia, Malásia e Papua-Nova Guiné, por exemplo, onde cerca de 3,5 milhões de hectares de florestas nativas foram desmatados e convertidos para o plantio da palma de óleo entre 1990 e 2010, de acordo com avaliações da Mesa Redonda do Óleo de Palma Sustentável (RSPO, na sigla em inglês).

A BBF segue as melhores práticas internacionais para o manejo sustentável da palma, com monitoramento contínuo no entorno das áreas de atuação, em conformidade com os indicadores estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Vale destacar ainda que, com os mais de 68 mil hectares de palma de óleo cultivados de forma sustentável na região amazônica, a BBF captura mais de 421 mil toneladas de carbono atualmente. Além disso, o cultivo da palma de óleo contribui para a recomposição da cobertura do solo e dos ciclos biogeoquímico e hidrológico da floresta. Outro dado interessante é a retirada de mais de 106 milhões de litros de diesel fóssil por ano da Amazônia, uma vez que a energia elétrica gerada pela empresa é produzida a partir de biocombustíveis de óleo de palma — que é totalmente natural — em substituição ao diesel fóssil.

As práticas ambientais da empresa estão alinhadas aos valores de Transparência e Responsabilidade. O Grupo disponibiliza em suas unidades todas as documentações, licenças e autorizações de cada atividade desenvolvida pela BBF, empresa que possui o Selo Verde, certificação que destaca a responsabilidade ambiental em executar atividades com o menor impacto possível. 

BBF estreia em análise da Fitch Rating e alcança “Grau de Investimento”

Por fim, a BBF celebra que atingiu o rating BBB- em análise da Fitch Rating, uma das maiores agências de classificação de risco de crédito do mundo. A classificação configura a empresa como boa oportunidade de investimentos com baixo risco especulativo e boa capacidade de pagamento. No seu reporte ao mercado, a Fitch afirma que “o rating reforça perspectivas positivas para os negócios da BBF e destaca as estratégias de longo prazo da empresa”, que tem investido cada vez mais na diversificação de biocombustíveis. A agência explica, ainda, que o patamar BBB- também reflete “a expectativa de melhor perfil de negócios e de maior previsibilidade da geração operacional de caixa após a entrada em operação de suas usinas termelétricas em construção, com conclusão esperada para 2022 e 2023”. Ainda segundo a Fitch, a empresa apresenta “limitada exposição ao risco de demanda na venda de óleo de palma (CPO), como resultado de contratos de venda firmados e do potencial uso em suas geradoras”. 

A BBF atua de forma verticalizada e integrada em toda a sua cadeia produtiva, desde o cultivo sustentável da palma de óleo, produção de biocombustíveis e geração de energia renovável. A empresa possui usina produtora de biodiesel em Rondônia e, em 2025, vai inaugurar a primeira biorrefinaria do Brasil, na Zona Franca de Manaus, que produzirá dois inéditos biocombustíveis no mercado brasileiro: o combustível sustentável de aviação (SAF) e o diesel verde (HVO). A Biorrefinaria receberá o investimento de R$ 2,2 bilhões e produzirá anualmente cerca de 250 milhões de litros de HVO e 280 milhões de litros de SAF. 

Empresa segue em plena expansão no Norte do país e permanece priorizando os critérios ESG para esse crescimento (Divulgação/BBF)

A empresa possui 25 usinas termelétricas em operação na região Norte e outras 13 em fase de implementação, que atendem atualmente mais de 140 mil moradores atendidos pelos Sistemas Isolados de Energia, proporcionando a retirada de mais de 106 milhões de litros de diesel fóssil por ano da atmosfera amazônica. Os projetos no pipeline foram fundamentais para atingir a classificação, segundo a Fitch: “O plano de crescimento da companhia prevê maior verticalização dos seus negócios, com redução da exposição à volatilidade do óleo de palma (CPO). A utilização do óleo de palma para consumo interno na produção de biodiesel e geração elétrica atualmente é imaterial e a conclusão das usinas termelétricas, com energia vendida através de contratos de compra e venda energia (PPAs) de longo prazo, aumentará a estabilidade do fluxo de caixa”. 

A BBF contribui diretamente na descarbonização e na melhora da qualidade de vida na região Norte, gerando empregos, desenvolvimento socioeconômico e produzindo combustível sustentável. Sua expertise viabilizará soluções sustentáveis também para investidores e empresas privadas no futuro.