Empresas de tecnologia dos EUA enfrentam novos desafios com tarifas sobre a China

Imagem de sobreposição das bandeiras dos Estados Unidos e da China, destacando os símbolos de ambas as nações. A bandeira americana, com listras e estrelas, se mistura à bandeira chinesa, com fundo vermelho e estrelas amarelas, representando a interação entre os dois países (China, EUA, minerais, tecnologia)

As tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses voltam a impactar o setor de tecnologia, gerando preocupações para empresários que dependem da produção no país asiático. Com o aumento das taxas, muitas empresas precisam reavaliar estratégias para manter a competitividade e evitar prejuízos.

A empresária Deena Ghazarian, fundadora da Austere, viveu essa realidade em 2019, quando as tarifas impostas durante o governo de Donald Trump elevaram os custos de importação de seus acessórios de áudio e vídeo. Segundo a BBC, a mudança inesperada quase inviabilizou seu negócio logo no primeiro ano de operação.

Na época, a única saída foi absorver os custos e tentar manter as operações funcionando. Agora, com a retomada e ampliação dessas tarifas, ela e outros empresários enfrentam mais um período de incerteza.

Dessa vez, as medidas foram ampliadas. Desde janeiro, a nova administração norte-americana aumentou em 20% as tarifas sobre produtos chineses e impôs uma taxa de 25% sobre importações vindas do México e do Canadá, embora parte dessas cobranças tenha sido adiada para abril.

O governo justifica a decisão como uma forma de pressionar parceiros comerciais a colaborarem no controle da imigração ilegal e fortalecer a produção nacional. No entanto, especialistas alertam que as tarifas acabam sendo pagas pelas próprias empresas e consumidores americanos.

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Setor de tecnologia sente os impactos

A dependência dos Estados Unidos da manufatura chinesa torna o setor de tecnologia um dos mais atingidos. De acordo com a Consumer Technology Association (CTA), a China segue como o maior fornecedor de eletrônicos para o mercado americano, somando US$ 146 bilhões em importações em 2023. Grande parte dos smartphones, laptops e tablets vendidos no país ainda vem de fábricas chinesas, o que torna difícil escapar dos impactos das novas tarifas.

Mesmo com esforços para diversificar a produção para países como Vietnã, Taiwan e Tailândia, essas regiões ainda não possuem a mesma estrutura da China. Além disso, o México, que também é um importante fornecedor de eletrônicos, agora enfrenta restrições adicionais, dificultando ainda mais a busca por alternativas viáveis.

Segundo especialistas da CTA, as tarifas impostas não afetam apenas os exportadores chineses, mas recaem sobre as empresas americanas que precisam pagar esses impostos para trazer produtos ao país. Esse aumento de custos, inevitavelmente, se reflete no preço final para os consumidores.

Pressão nos preços e incertezas para o futuro

Com a elevação das tarifas, empresas do setor começam a prever reajustes nos preços. Executivos de grandes varejistas, como a Best Buy, já indicaram que o aumento dos custos deve ser repassado ao consumidor. Fabricantes como Acer e HP estimam que os preços dos laptops podem subir cerca de 10% para compensar o impacto das novas taxas.

Por outro lado, empresários que operam com margens reduzidas precisam avaliar cuidadosamente qualquer reajuste para não afastar clientes. No caso da Austere, por exemplo, há um limite para o valor que os consumidores estão dispostos a pagar por acessórios eletrônicos. Se os preços subirem demais, a demanda pode cair e comprometer as vendas.

No passado, algumas empresas conseguiram negociar isenções para determinados produtos, mas ainda não há garantias de que isso ocorrerá novamente. Além disso, há quem veja as tarifas como uma estratégia política, que pode ser ajustada dependendo das negociações comerciais futuras. No entanto, no curto prazo, a tendência é que as tensões aumentem. China, México e Canadá já indicaram que podem retaliar as novas medidas americanas, o que pode desencadear uma reação em cadeia no comércio global de tecnologia.

Diante desse cenário incerto, algumas empresas já começaram a se preparar. A Austere, por exemplo, reforçou seu estoque antes da aplicação das novas tarifas para tentar minimizar os impactos a curto prazo. No entanto, a empresária Deena Ghazarian reconhece que, em vez de focar no crescimento da empresa, precisará dedicar mais tempo à adaptação e sobrevivência no mercado.

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