Programação ainda vale a pena? Dá dinheiro? Profissionais contam como está o setor (e dão dicas)


Área da TI permanece aquecida e há vagas disponíveis, mas os salários altos que sempre chamaram a atenção podem ser impactados com a economia enfraquecida; g1 traz guia completo para quem deseja entrar no mundo dos códigos. Patricia Alves é engenheira de dados e entrou na área estudando programação.
Celso Tavares/g1
Patricia Alves entrou na área de TI em 2022 e, de forma lúdica, já vem estimulando os filhos a seguirem seu caminho.
Celso Tavares/g1
Você, certamente, já ouviu de alguém que programação dá dinheiro, certo? Mas com tanta empresa de tecnologia demitindo, será que a área, que permite ao profissional desenvolver sites, jogos, aplicativos, entre outros, ainda é vantajosa?
Especialistas dizem que, apesar do mau momento no setor, codar ainda vale a pena e existe espaço para novos talentos.
O número de vagas no setor de tecnologia cresceu 34,3% entre janeiro e outubro de 2022, segundo um levantamento do portal Empregos.com.br. Nesse período, mais de 70 mil novas oportunidades foram abertas. Programação foi a segunda área com mais demanda, atrás apenas de desenvolvimento.
O que faz as pessoas irem para o mundo dos códigos são os salários muitas vezes atrativos, a flexibilidade na rotina e as chances de crescimento, uma vez que tecnologia muda o tempo todo e tem sempre coisa nova rolando nesse universo.
Por outro lado, Viviane Sampaio, gerente de recrutamento para TI na consultoria Robert Half, analisa que, com a economia fraca, as contratações em 2023 estarão focadas em perfis com menor nível profissional, como juniores, que estão começando. Por terem menos experiência, a remuneração também pode ser menor.
Nos últimos meses, o g1 ouviu especialistas e profissionais de várias regiões do Brasil. Com base nestes relatos, a reportagem traz, a seguir, uma série de dicas para quem deseja iniciar ou migrar para programação.
Nesta reportagem, você saberá:
Em 6 pontos: entenda como anda o setor
O que faz e quanto ganha um programador
Como e o que fazer para começar
Como é trabalhar com programação
🔎 Em 6 pontos: entenda como anda o setor
👔 o cenário econômico enfraquecido e a queda no número de anúncios on-line têm feito muitas empresas de tecnologia demitir em massa e isso ocorre em companhias de todo porte. Entre as gigantes estão Google, Microsoft, Amazon e Meta;
💲 apesar disso, a programação está em alta. Isso porque ainda há investimento rolando, explica Ana Paula Gonçalves Serra, que é coordenadora do curso de ciência da computação do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT);
👍🏼 assim como dados e inteligência artificial, programação está bombando. Ainda é um bom caminho para quem quer começar ou migrar, explica ao g1 Camila Achutti, presidente da escola Mastertech;
🤚 Ana Paula, do IMT, explica que cargos foram cortados porque não havia mais necessidade no pós-pandemia. Mas esse movimento não afeta a transformação digital e as oportunidades não estão só concentradas em empresas de tecnologia. “Somos dependentes de tecnologia e é por isso que o setor seguirá aquecido. Agora, por exemplo, está todo mundo voltado para inteligência artificial e ChatGPT. E esse é um fato na nossa área: o profissional de TI precisa estar atualizado porque a gente tem tecnologia para tudo”, explica.
📈 “Há uma expectativa para o ano de 2023 de que a demanda por programadores continue em amplo crescimento. Hoje, o grande desafio é a falta de profissionais capacitados para lidar com as novas tecnologias que surgem a cada dia”, analisa Emilia Cappi, diretora comercial e de arquitetura de soluções da Finch.
🔐 Heliezer Viana, sócio da área de cibersegurança da Mazars, lembra que o mau momento pode ser uma oportunidade para migrar de área dentro de TI. “O segmento de cibersegurança, por exemplo, é deficitário de mão de obra especializada. Então, se a pessoa souber programar, ela já tem 50% do conhecimento necessário para migrar para cibersegurança. Esse mercado tem alta demanda e novas tecnologias estão surgindo”.
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💰 O que faz e quanto ganha um programador
O programador para internet (web) é aquela pessoa que usa linguagens de programação para desenvolver sites, jogos, aplicativos, redes sociais e sistemas operacionais. O profissional também pode trabalhar com dados, para compreender o comportamento do usuário e ajudar a empresa a tomar decisões.
O programador pode atuar em três segmentos diferentes:
Front-end: trabalha com a parte visual de sites e aplicativos, ou seja, aquelas áreas em que o usuário interage;
Back-end: é o oposto. Atua na parte em que o usuário não vê, isto é, a “parte de trás” de sites, apps e outras plataformas digitais;
Full Stack: é um profissional mais completo, que pode atuar tanto em Front como em Back.
A pedido do g1, a plataforma de empregos Catho levantou a média salarial do programador no Brasil em 2023. Ela está assim:
👱‍♂️ Nível Júnior: R$ 3.812
👨🏽‍🦰 Nível Pleno: R$ 5.491
👩🏼‍🦳 Nível Sênior: R$ 7.993
“Os números variam, a depender do porte da empresa, da demanda e dos requisitos. A boa remuneração se dá porque é uma área que precisa de gente”, diz Eber Duarte, diretor de tecnologia da Catho.
Já está em TI? Veja dicas para progredir na carreira
💻 Como e o que fazer para começar
Para dar o primeiro passo…
📑 Busque certificações gratuitas em empresas de tecnologia: dá para entrar com cursos livres e por programas de grandes empresas de tecnologia, como Estação Hack (Facebook), Microsoft Learn e Eu Capacito (plataforma com cursos de IBM, Microsoft, Cisco e Oracle), por exemplo;
📢 Faça contatos com outros profissionais e estudantes: em fóruns, redes sociais e plataformas de programação na internet, como GitHub, Medium, Twitter, LinkedIn e Discord;
🎓 Se possível, faça graduação para um melhor preparo: investir em graduação ajuda a ter uma base. Algumas opções são engenharia de computação, ciência da computação e sistemas de informação;
💻 Compartilhe seus projetos e portfólios: o programador, especialmente aquele iniciante, precisa mostrar seus trabalhos, então vale usar plataformas dedicadas para isso, como Github, Kaggle e Medium;
🏢 Busque vagas fora da bolha de tecnologia: o programador não necessariamente precisa só atuar em companhias do setor de tecnologia, como Google, Meta, Microsoft e Apple. É possível encontrar vagas para atuar em empresas de varejo, finanças, alimentos, bebidas, comunicação, entre outras. Para isso, utilize o LinkedIn, plataformas de emprego e sua rede de contatos nas redes sociais para encontrar oportunidades.
💻Como é trabalhar com programação
Programadores e especialistas quebram a ideia de que a profissão é um bicho de sete cabeças. Segundo eles, a pessoa não precisa ser expert em matemática, mas é essencial desenvolver o pensamento lógico que o setor exige.
“Embora pareça muito complicada, programação é como se a pessoa adquirisse uma nova língua para dialogar com a máquina”, diz ao g1 Sergio Paulo Gallindo, presidente da Brasscom, a associação que representa as empresas de tecnologia.
Esse profissional também não trabalha isolado. Pelo contrário: programadores contaram ao g1 que eles precisam estar sempre em contato com outros colegas, até para compreender e executar as demandas que chegam dos clientes.
“Também é importante que se desenvolva suas soft skills, as habilidades comportamentais, e não só a parte técnica”, recomenda Hercilio Lopes, programador do Maranhão que atua na área há quase 10 anos.
“As empresas buscam por gente que sabe trabalhar em equipe, que sabe se comunicar”, completa. “O programador precisa também ter um raciocínio lógico para conseguir organizar as demandas e resolver problemas”, diz Patrícia Alves, engenheira de dados que vive em São Paulo, e que entrou na área estudando programação.
Além disso, dedicação e atualizações ao longo da carreira são imprescindíveis para se manter na área.
“Quem procura a primeira oportunidade como júnior ou estagiário, precisa de dois ou três meses em tempo integral de estudo, mas não pode parar, porque TI muda constantemente”, diz Camila Achutti, da Mastertech.
Profissionais contam que é possível ter uma rotina flexível na programação. Não são todas, mas muitas companhias são favoráveis ao trabalho 100% remoto ou híbrido. Você só precisa de um computador e internet para conseguir trabalhar fora do escritório.
“Ter uma rotina de trabalho que não me faça gastar 5 horas do dia dentro de uma condução me possibilita ter uma qualidade de vida melhor. Eu não me imagino mais trabalhando no modelo presencial, conta Patrícia Alves.
Apesar disso, as empresas exigem disciplina do programador, já que ele precisa interagir com outros colegas, além de lidar com as demandas dos clientes. “Home office é maravilhoso, mas como tudo na vida, é preciso ter disciplina e organizar bem tempo”, completa Alves.
Neste ano, Patrícia se muda para o Canadá, onde conseguiu uma oportunidade em tecnologia. E esse é um bom caminho para quem quer ganhar mais e ter novas experiências. Empresas estrangeiras buscam trabalhadores em outros países.
Outro levantamento da Robert Half apontou que contratar um profissional do Brasil pode ser até 40% mais barato para a empresa do que ter um trabalhador americano.
O trabalho remoto já é popular em muitos setores e, tendo em vista que o real está mais desvalorizado que o dólar e o euro, se candidatar a vagas em empresas de fora pode ser um bom negócio.
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