Erdogan reivindica vitória no segundo turno das eleições presidenciais na Turquia

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que busca a reeleição, lidera a apuração de votos e encaminha a sua vitória. Na última atualização das informações do pleito, com 95% das urnas apuradas, o atual chefe de Estado tem 52% dos votos, contra 48% do social-democrata Kemal Kilicdaroglu. No entanto, Erdogan já reivindicou sua vitória neste segundo turno presidencial. Os dados são divulgados pela agência estatal Anadolu. Caso confirme a sua vitória, Erdogan, que comanda o país por 20 anos, terá um novo mandato de cinco anos, até 2028. Apesar do forte movimento anti-Erdogan, que juntou seis partidos e tem o apoio de jovens, curdos (10% do eleitorado) e donas de casa, o líder turco conquistou o apoio da terceira via durante a última semana de campanha eleitoral. No primeiro turno, realizado no dia 14 de maio, apesar das pesquisas apontarem a oposição à frente, os resultados surpreenderam. Mesmo com a disputa acirrada, Erdogan conseguiu levar a melhor e obteve 49,5% dos votos, contra 44,9% de Kilicdaroglu.

Na manhã deste domingo, Erdogan foi visto distribuindo dinheiro vivo a apoiadores após votar no segundo turno das eleições presidenciais. “Nenhum país do mundo tem uma taxa de participação de 90% e a Turquia quase a atingiu. Peço aos meus concidadãos que votem sem hesitar”, disse o líder. Vídeos feitos por apoiadores e postados nas redes sociais mostram o presidente distribuindo dinheiro em uma seção eleitoral onde votou. As notas no valor de 200 liras (cerca de R$ 50) eram entregues enquanto ele apertava as mãos dos apoiadores. A lei turca proíbe os candidatos de fazer campanha no dia da eleição. As autoridades de supervisão eleitoral do país ainda não tomaram conhecimento da lei de distribuição de dinheiro de Erdogan. Entretanto, de acordo com a imprensa local, esse movimento é comum entre os eleitores de Erdogan, não só durante o período eleitoral. No dia 14 de maio, no primeiro turno, o chefe de Estado também foi visto distribuindo dinheiro e presente às crianças presentes. A Turquia vive uma séria crise econômica provocada pela disparada da inflação. Em outubro de 2022 a taxa chegou a 85%, o que tirou confiança de uma parte dos eleitores de Erdogan.

Como a Jovem Pan mostrou, a iminente vitória do atual chefe de Estado deixaria o país à margem de um endurecimento de regime, algo que vem sendo criticado pela considerável fatia dos turcos que o veem como um líder autocrático. Segundo o especialista Gunther Rudzit, professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), quando o fundador do Partido da Justiça e Desenvolvimento (de orientação conservadora, liberal e neo-otomana) alterou em 2018 a forma de governo na Turquia — ou seja, saiu do sistema parlamentar para o presidencial —, essa mudança fez com que ele se tornasse praticamente um ditador, que está diminuindo a independência das instituições, perseguindo jornalistas, militares, oposição e professores. “Ou seja, um grande autocrata. Se no início parecia um governo promissor, desandou e virou uma autocracia”, afirma Rudzit.

 

*Com Estadão Conteúdo e AFP