Escorpiões assustam servidores no Congresso; Câmara e Senado registram casos e picadas

A presença de escorpiões nas dependências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal tem causado preocupação entre servidores e sindicalistas em Brasília. Nos últimos meses, relatos de aparições dos animais aumentaram — inclusive com um caso confirmado de picada em um funcionário da Câmara. De acordo com os relatos, a maioria dos casos ocorre no subsolo do Anexo 4 da Câmara, onde servidores dizem enfrentar um ambiente insalubre e sem soluções efetivas por parte da administração.
Em um dos casos mais alarmantes, uma servidora afirmou que um escorpião caiu dentro da caixa do seu fone de ouvido. Um funcionário, sob condição de anonimato, relatou que foi picado por um escorpião enquanto trabalhava em sua estação, há cerca de seis meses. “Era por volta das 11h30. Eu estava no computador e senti algo no braço. Quando olhei, vi um pequeno escorpião no ombro. Joguei ele no chão e matei. Depois começou a dor”, contou. Ele afirmou que havia um buraco no forro de gesso do teto no local onde trabalha.
O servidor buscou atendimento no departamento médico da Câmara, onde foi informado de que a picada não foi profunda. Mesmo assim, relatou ter sentido dor por dias. O caso foi registrado como acidente de trabalho.
Falta de resposta

Escorpião circula em corredor da Câmara (Reprodução/X/@milaguimaraes87)
Apesar dos relatos, servidores afirmam que não houve retorno concreto da administração da Câmara. “Informei meu chefe e o setor médico, como mandaram. Até hoje não tivemos solução”, disse o servidor. Uma funcionária procurou o Sindilegis (Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do TCU) em maio. Segundo ela, a resposta só veio nesta segunda-feira (7), com a promessa de que um ofício foi protocolado junto à direção-geral da Câmara “diante da gravidade da situação”.
O sindicato informou que foi agendada uma ação concentrada de dedetização no prédio para os dias 12 e 13 de julho, mas ressaltou que segue aguardando retorno oficial da Casa sobre providências mais amplas.
Senado também registra casos
No Senado Federal, escorpiões foram vistos em gabinetes da ala Nilo Coelho, no Anexo 2. A Casa informou que, em média, são registrados dois casos por mês, mas negou a existência de focos ou ninhadas. “Os registros são isolados e ocorrem principalmente em períodos mais quentes e úmidos, o que está relacionado à biologia dos animais”, informou o Senado em nota.
Segundo a instituição, está em vigor um contrato de dedetizações trimestrais, com garantia para reaplicações, e campanhas de conscientização são realizadas junto aos servidores. Cartilhas informativas do programa “Senado Seguro” orientam os funcionários sobre medidas de prevenção.
Apesar das ações, o clima entre os servidores é de insegurança e cobrança por medidas mais efetivas. Com ambientes fechados e grande movimentação de pessoas, a presença dos escorpiões é vista como um risco à saúde pública. Até o momento, a Câmara dos Deputados não respondeu oficialmente aos questionamentos da imprensa. O espaço segue aberto para manifestação.