EUA impõem novas restrições à venda de software de design de chips para China

Imagem de sobreposição das bandeiras dos Estados Unidos e da China, destacando os símbolos de ambas as nações. A bandeira americana, com listras e estrelas, se mistura à bandeira chinesa, com fundo vermelho e estrelas amarelas, representando a interação entre os dois países (China, EUA, minerais, tecnologia, tarifa, europa, baidu, software)

Em mais um movimento estratégico na corrida por supremacia em inteligência artificial (IA), o governo dos Estados Unidos adotou novas restrições à exportação de softwares usados no design de semicondutores para a China. A medida, que atinge ferramentas conhecidas como EDA (automação de design eletrônico), impacta diretamente grandes fornecedores globais como Siemens EDA, Synopsys e Cadence Design Systems.

Segundo confirmou o TechCrunch, as três empresas receberam comunicados do Departamento de Comércio dos EUA, por meio do Bureau of Industry and Security (BIS), informando a exigência de licenças especiais para exportar, reexportar ou transferir internamente esses softwares a clientes chineses, especialmente aqueles com vínculos militares.

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Softwares que sustentam a base da IA

As ferramentas EDA são fundamentais para o desenvolvimento de chips avançados, como os usados em aplicações de inteligência artificial, redes, carros conectados e dispositivos eletrônicos de alta performance. Elas permitem simulações, validação, testes e o monitoramento de desempenho em diversas etapas do ciclo de vida dos semicondutores.

Empresas como a Siemens, que atua há mais de 150 anos no mercado chinês, disseram que pretendem mitigar os efeitos das novas regras junto aos seus clientes, mas sem descumprir os regimes de controle de exportações. Já a norte-americana Synopsys foi além e suspendeu suas previsões financeiras para o terceiro trimestre e para o ano fiscal de 2025, diante das incertezas regulatórias. A Cadence também confirmou o recebimento das novas orientações do governo norte-americano.

Guerra fria tecnológica

As novas restrições são parte de uma estratégia mais ampla dos EUA para conter o avanço chinês em tecnologia de ponta — especialmente no setor de inteligência artificial. Mas, à medida que o cerco se fecha, as consequências também recaem sobre empresas americanas.

A Nvidia, por exemplo, já perdeu bilhões em receitas após sanções que impediram a venda de seus chips H20 e Hopper para clientes chineses. Para contornar as regras, tanto a Nvidia quanto a AMD estariam desenvolvendo versões menos potentes de seus processadores de IA, que possam ser comercializadas sem violar as restrições.

Especialistas alertam que as medidas, embora eficazes no curto prazo para travar o avanço chinês, podem comprometer a competitividade global de empresas dos EUA, que historicamente detêm fatias importantes do mercado asiático.

Próximo capítulo das restrições

A escalada regulatória mostra que a guerra tecnológica entre EUA e China vai além do hardware atinge também o conhecimento e o ferramental necessário para projetar o futuro da computação. Com o avanço da IA e a militarização crescente das tecnologias digitais, o acesso ao software tornou-se uma nova fronteira de disputa.

Ainda não está claro qual será a resposta da China ou quais impactos de longo prazo essas restrições terão sobre a inovação global. O que se sabe é que, no tabuleiro da IA, cada linha de código importa, e quem controla o design controla o destino.

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