Ex-embaixador avalia interesse de Lula em mediar guerra na Ucrânia: ‘Difícil que tenha influência’

A convite do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará do segmento de engajamento externo da Cúpula do G7, realizada em Hiroshima, no Japão, nos dias 20 e 21 de maio. O Brasil foi convidado a participar da cúpula em diversas ocasiões no período entre 2003 e 2009. Esta será a sétima participação de Lula. De acordo com o comunicado do Governo Federal deverão ser discutidos na passagem do Brasil pelo G7 “os desafios enfrentados pela comunidade internacional em temas como paz e segurança, saúde, desenvolvimento, questões de gênero, clima, energia e meio ambiente”. Para falar sobre a viagem, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o ex-embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, que avaliou os esforços do presidente para tentar emplacar o Brasil como mediador da guerra na Ucrânia: “Acho muito difícil que o Brasil possa ter influência nessa questão. O presidente Lula está com essa agenda e está falando com todos os líderes globais. Mas a situação na Ucrânia, o ataque que a Rússia fez, é muito insegura”.

“O Zelensky está viajando agora pela Europa, esteve na Alemanha, na França e hoje foi à Inglaterra para buscar apoio. Ele está preparando uma ofensiva contra as tropas russas, então é muito difícil que esse tema da busca da paz prevaleça. As pré-condições da Rússia e da Ucrânia impedem qualquer movimento hoje de busca de paz. A Europa e os Estados Unidos, como a Ucrânia e como a Rússia, não estão interessados, neste momento, em encontrar formas de compromisso para buscar uma suspensão das hostilidades. Acho que a paz vai ser muito difícil de ser negociada lá. Talvez a suspensão das hostilidades, mas em algum momento mais na frente, em alguns meses, talvez um ano ainda ou mais para que seja madura essa possibilidade”, argumentou.

Também há a expectativa de que Lula encampe a questão ambiental na cúpula, tema que tem discutido em suas viagens internacionais. Durante a ida do presidente para a Inglaterra, no início do mês de maio, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, anunciou a doação de R$ 500 milhões para o Fundo Amazônia. Na visão de Rubens Barbosa, o meio ambiente é apenas mais um dos temas a serem tratados no G7, mas não o principal: “A reunião do G7 não vai tratar de meio ambiente. O presidente pode levar o tema lá, como outros temas que ele queira, mas essa reunião do G7 é mais política. É importante o convite que ele teve, o Brasil voltando nas relações internacionais. O Brasil ser convidado mostra a importância que os outros veem na nossa posição. Mas o tema que o presidente vai levar lá não vai ser basicamente ambiental, tem toda a questão das reformas, a guerra na Ucrânia, que certamente ele vai querer mencionar, e também a questão do dólar, que estão querendo substituir por moedas com que o Brasil tem relações”.