FonNet se reposiciona como integradora diante da desaceleração do mercado de FTTH
A FonNet Networks anunciou ontem, 5, um reposicionamento estratégico com a meta de deixar de ser exclusivamente uma distribuidora de transceivers ópticos e assumir o papel de integradora de soluções completas para redes de telecomunicações e corporativas. A mudança ocorre em um momento de desaceleração no crescimento do mercado de FTTH no Brasil e diante de um cenário de consolidação entre provedores regionais.
O novo posicionamento inclui a entrada da empresa em nichos como redes Wi-Fi corporativas, infraestrutura óptica para data centers e soluções de energia para FTTH. Para isso, a FonNet fechou parcerias com fabricantes como Juniper, Ciena, Dahua e Marsriva, e passará a fornecer ao mercado equipamentos como roteadores Wi-Fi profissionais, no-breaks FTTH e serviços de instalação e gerenciamento de rede.
“Hoje temos uma equipe altamente capacitada em redes ópticas e percebemos que poderíamos entregar muito mais do que apenas transceivers”, afirmou Arthur Filgueira, CEO da FonNet, ao Tele.Síntese. Segundo ele, o novo modelo de atuação amplia o escopo de trabalho se comparado a quando a empresa operava como subsidiária da Precision nos Estados Unidos.
A transição estratégica foi viabilizada após uma mudança na estrutura societária da FonNet, decorrente da compra da Precision pela Belden em 2024. Com a reorganização, Filgueira assumiu o controle integral da operação brasileira, que passou a funcionar como distribuidora exclusiva da marca, mas em modelo de franquia.
Com a nova liberdade operacional, a FonNet mira também o mercado enterprise, com atuação como integradora de soluções em grandes contas. “Vamos bater na porta de empresas, participar de licitações e construir projetos integrados, inclusive no setor público”, disse Márcio Cachapuz, diretor de mercado da empresa.
A estagnação do crescimento orgânico na base de clientes de fibra no Brasil — impulsionada por fatores como saturação da infraestrutura óptica, ascensão do 5G e consolidação entre ISPs — foi apontada como catalisadora da decisão. “Temos cidades pequenas com dez provedores disputando o mesmo cliente. Isso levou o FTTH a andar de lado”, afirmou Cachapuz. Segundo ele, a pressão nas margens comerciais e a redução no número de clientes rentáveis forçaram a busca por novos segmentos de mercado.
A empresa projeta um crescimento de 20% em 2025 com a entrada das novas soluções, embora a maior parte da receita esperada venha a partir de 2026, quando todas as certificações e capacitações estiverem completas. “Nossa expectativa é crescer ao menos 30% ao ano a partir do próximo ciclo”, afirmou Filgueira.
Além da ampliação de portfólio, a FonNet também prepara uma expansão internacional, com foco inicial na Colômbia. Ali, pretende operar localmente com oferta de transceivers, ainda o core da empresa.
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