Telegram não é paraíso da anarquia, diz CEO, em primeiro comunicado após deixar prisão


Indiciado na França por crimes que acontecem no app de mensagens, Durov critica uso de leis ‘pré-smartphone’ para sua responsabilização. E disse esperar que episódio ajude a tornar a plataforma mais segura. Pavel Durov, presidente-executivo e dono do Telegram, no Mobile World Congress, em Barcelona, em 2016
Albert Gea/Reuters
O dono do Telegram, Pavel Durov, se manifestou nesta quinta-feira (5) após ficar preso por quatro dias na França. Ele disse que a acusação de que a plataforma contribui para a prática de crimes foi “surpreendente por vários motivos” e feita com a “abordagem equivocada”.
O executivo foi preso em 24 de agosto após descer de seu jato particular no aeroporto de Le Bourget, nos arredores de Paris. Ele foi solto no dia 28 do mesmo mês, mas foi indicado por 12 crimes que, de acordo com a promotoria, acontecem no aplicativo. Ele também foi proibido de deixar o país.
A promotoria francesa diz que a falta de moderação no aplicativo e recusa da empresa de colaborar com investigações tornam o dono do Telegram cúmplice de crimes como abuso sexual infantil, tráfico de drogas e fraude.
“Usar leis da era pré-smartphone para acusar um CEO de crimes cometidos por terceiros na plataforma que ele gerencia é uma abordagem equivocada”, afirmou Durov, em seu canal no Telegram, em sua primeira manifestação pública após a prisão.
“Construir tecnologia já é difícil o bastante. Nenhum inovador jamais construirá novas ferramentas se souber que pode ser pessoalmente responsabilizado por potencial abuso dessas ferramentas”.
Para Durov, a prisão foi surpreendente porque o Telegram tem um representante legal na União Europeia que responde às solicitações de países do bloco.