O futuro da identidade digital: uma abordagem ética

A identidade, da maneira como a conhecemos, está mudando. Até pouco tempo, as identidades do Twitter viraram notícia em todos os lugares devido às mudanças introduzidas sob a nova liderança da empresa. Isso gerou vários questionamentos, que variam desde o próprio conceito de identidade até a forma como as identidades são verificadas.

Estamos caminhando para um mundo onde identidade é poder? A resposta parece ser sim.

Tecnicamente, a identidade digital pode ser qualquer coisa. É qualquer forma de identificar pessoas, objetos ou serviços. Mas, geralmente, quando nos referimos à identidade, pensamos no equivalente digital de um passaporte ou algum outro tipo de documento de identificação.

A identidade requer várias coisas: informações sobre a pessoa, objeto ou serviço a ser identificado; além de haver a necessidade de um terceiro para validá-la. Isto é, para confirmar que a informação associada corresponde ao que está sendo identificado.

Da mesma forma que um passaporte é emitido por um cartório do governo, a identidade digital seria autorizada por terceiros.

O terceiro item essencial é a confiança. O “consumidor” da identidade precisa saber que ela é confiável. Isso pode ser feito de várias maneiras, por exemplo, através de um certificado em um site, que comprova que esse site pertence a um banco. Pode ser por meio de um cartão de identificação ou um cartão inteligente que comprove que alguém é cidadão de uma determinada jurisdição.

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Também pode ser através de algo tão simples quanto um endereço de e-mail de um provedor certificado. Tudo depende do contexto e de quão rigorosas devem ser a autorização e a verificação.

Existem milhares de casos de uso diferentes quando se trata de identidade. O Twitter é um bom exemplo do que está acontecendo atualmente. Algo que é importante observar é que há uma diferença entre autorização e identidade.

Há um nome de usuário e senha que permitem que você faça login no Twitter. Mas todo o conceito do selo de verificação azul parece ser controverso. Isso poderia efetivamente ser considerado como a identidade. Quando o visto azul é usado, o usuário é verificado pelo Twitter em sua afirmação de ser quem diz ser.

Não tenho dúvidas de que o conceito de identidade e a maneira como a conhecemos está mudando.

Mas por que está mudando?

Esta é a parte interessante. Nossas vidas digitais estão se expandindo. Interagimos com diferentes tipos de serviços na Internet ao longo do tempo. Dependendo do tipo de serviço, nossas identidades digitais são mantidas por diferentes empresas ou organizações.

Também é necessário levar em consideração o “novo normal” após os isolamentos relacionados à pandemia, porque agora vivemos em um mundo cada vez mais distribuído, remoto e online. Coisas como cartões de acesso físico para entrar no escritório não são mais replicáveis neste ambiente, e estamos vendo um crescimento significativo de conceitos como o Zero Trust. Essas mudanças vêm acontecendo mais por uma questão de autenticação, mas também têm muito a ver com a forma com a qual o mundo está se transformando.

Nossa identidade digital verificável está se tornando um direito. Todos no mundo devem ter direito a uma identidade digital para provar quem são e poder acessar os serviços e conveniências que muitos de nós menosprezamos. Mas, por outro lado, o fato de tudo o que fazemos em nossa vida online estar vinculado a uma identidade central pode ser um risco, por exemplo, para nossa privacidade.

Precisamos encontrar maneiras de continuar consumindo serviços e nos certificar que não são bots ou spam se forem notícias ou atualizações, para, assim, conseguirmos distinguir se são informações falsas (fake news). Porém, ao mesmo tempo, pode não ser seguro para essas fontes revelar suas verdadeiras identidades físicas.

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Há muita desconfiança nas grandes empresas de tecnologia, já que muitas delas estão ganhando dinheiro com a identidade agora, de uma forma ou de outra, seja de forma anônima, agregada ou processada por algoritmos.

Existem até algumas companhias que estão se tornando algo como um “provedor de autenticação padrão”. Existem muitos sites onde as pessoas podem se conectar ou acessar seu login por meio de suas contas do Google ou do Facebook.

Isso pode ser controverso quando se tratam de empresas cuja receita principal vem ou se baseia em saber quem faz o quê, para saber quais anúncios ou produtos direcionar para você. Isso levanta algumas questões éticas. É aí que as companhias que já estão no mercado, e que não têm interesse em lucrar com a identidade das pessoas, captar seus dados ou rastreá-las, se tornam grandes aliadas de confiança.

*David King é diretor de inovação da GlobalSign