Ganhando eficiência no pós-transformação digital através da IA

A transformação digital mudou profundamente a forma como as empresas operam e se relacionam com seus clientes. No entanto, muitas organizações ainda lutam para maximizar a eficiência de suas operações no cenário pós-transformação digital. E é aí que a inteligência artificial (IA) pode se tornar uma força poderosa para auxiliar as companhias na busca dessa eficiência.

A IA é uma tecnologia que permite que as máquinas aprendam e tomem decisões com base em dados. Ao utilizar inteligência artificial em suas operações, players de quaisquer setores podem automatizar processos repetitivos e menos valiosos, liberando tempo para que as equipes se concentrem em tarefas mais estratégicas e criativas.

Um estudo da McKinsey revela que, entre 2017 e 2022, houve uma expansão substancial do uso da inteligência artificial no mundo dos negócios. A adoção dessa tecnologia mais do que dobrou, indo de 20% a 50%, com um pico de 58% em 2019. Dentre os motivos de utilização que mais se destacam, é possível citar: a busca pela otimização de operações (24%); customer service analytics (19%); customer segmentation (19%); além de customer acquisition e lead generation (17%).

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Ainda segundo a pesquisa, um número maior de empresas passaram a investir nessas ferramentas. Em 2018, 40% das companhias entrevistadas declararam dedicar mais de 5% de seus investimentos no cenário digital a movimentos relacionados à inteligência artificial; em 2022, o grupo representou 50% de todas as participantes. A popularidade crescente pode ser explicada pela capacidade que tais recursos vêm apresentando, como facilitar diversas ações e proporcionar soluções de modo acelerado. Veja um exemplo que vem dando o que falar.

A revolução chamada ChatGPT

Recentemente, um modelo de inteligência artificial, o ChatGPT, tomou conta da mídia, tendo até virado notícia no Fantástico. Com mais de 100 milhões de usuários e apenas dois meses de vida, essa é, sem dúvida, uma das ferramentas com grande potencial para revolucionar nosso dia a dia.

Até Bill Gates falou o que pensa sobre o lançamento da norte-americana OpenAI. Em entrevista ao jornal de negócios alemão Handelsblatt, o bilionário afirmou: “até agora, a inteligência artificial podia ler e escrever, mas não conseguia entender o conteúdo. Os novos programas como o ChatGPT vão tornar muitos trabalhos de escritório mais eficientes. Isso vai mudar o nosso mundo”.

Trazendo um exemplo prático e pensando no desenvolvimento de software, há alguns meses surgiram as primeiras ferramentas de IA que auxiliam na geração de códigos, como o Github Copilot e o Tabnine. Entretanto, o ChatGPT foi além. Apesar de não ser uma ferramenta específica para tal tarefa, ele conseguiu trazer novidades impressionantes.

  • Testes automatizados: a partir de um trecho de código, o ChatGPT tem capacidade de criar testes unitários e automatizados que façam uma primeira validação e agilizem tal processo.
  • Documentação automatizada: o ChatGPT pode proporcionar economia de tempo e garantia de precisão das informações a quem o utiliza com a documentação automatizada. Além disso, ele pode ajudar a entender aquele código legado sem documentação que sempre surge no dia a dia.
  • Identificação de bugs: baseado no vasto conjunto de dados utilizado na montagem deste modelo, ele é capaz de identificar problemas comumente relatados em códigos, podendo, então, agilizar a etapa de correção.
  • Otimização de códigos: é possível utilizá-lo na otimização de códigos, desde que a pessoa que esteja no comando do ChatGPT saiba o que pedir.

Tanto o ChatGPT quanto as outras soluções de IA disponíveis até o momento não fazem mágica. Ainda é a expertise e o conhecimento humano que resolvem os problemas de maneira efetiva.

A eficiência pós-transformação digital depende de pessoas

O ChatGPT e os outros modelos de linguagem são alimentados por dados, e são capazes de responder perguntas com base nesses dados, mas não possuem a capacidade de compreender as nuances e as sutilezas da vida real. A solução final depende da capacidade humana de avaliar a situação, considerar todas as informações relevantes e tomar as decisões corretas.

O estudo da McKinsey mostra que as empresas já entenderam a importância da presença de pessoas qualificadas em seus times, e que, mais do que realizar somente experimentações, partiram para a implementação da inteligência artificial em aplicações corporativas.

Em 2022, 39% das organizações que participaram do levantamento contrataram profissionais de engenharia de software, assim como 35% delas ampliaram suas equipes com a aquisição de especialistas em engenharia de dados. Cientistas de dados também entraram na jogada (33%), assim como engenheiros e engenheiras de machine learning (30%) e arquitetos e arquitetas de dados (28%).

A diversidade, aqui, importa. As companhias que disseram ter em suas equipes ao menos 25% de profissionais focados no desenvolvimento de inteligência artificial que se identificam como mulheres são 3,2 vezes mais propensas a apresentar alta performance. As empresas com ao menos um quarto de seu quadro composto por minorias raciais e étnicas são duas vezes mais propensas a ter desempenho superior.

Por fim, quarenta e seis por cento das organizações entrevistadas disseram que têm programas ativos para aumentar a diversidade de gênero nas equipes que estão desenvolvendo soluções de IA.

Resumindo, se forem encaradas como ferramentas de ajuda aos desenvolvedores, as inteligências artificiais que estão surgindo poderão ser grandes aliadas no ganho de eficiência para o momento em que a transformação digital já ocorreu. Ainda assim, não devemos nos esquecer, nunca, que os seres humanos têm um peso fundamental nessa e em qualquer outra equação.

*Fulvio Parmejjani, Head of Software Delivery na CI&T