Girão critica intervenção federal no DF e pede ‘isenção’ na apuração dos crimes cometidos em Brasília

Nesta terça-feira, 10, o Senado Federal aprovou a intervenção federal na segurança pública no Distrito Federal. A aprovação acontece após aval da Câmara dos Deputados, que confirmou o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na noite da segunda. A medida apreciada no Congresso Nacional é considerada uma “resposta aos atos de vandalismo” ocorridos no último domingo, 8, em Brasília, quando a Esplanada dos Ministérios, e as sedes dos Três Poderes, foram invadidas por manifestantes radicais. Para comentar o tema, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o senador Eduardo Girão (Podemos) que foi contrário á intervenção: “Em uma canetada, o ministro afastou o governador. E porque a intervenção? Se já houve o afastamento. Ontem foi um teatro que aconteceu no Senado Federal, com todo respeito a quem pensa diferente. Nós não podemos concordar com um interventor que trouxe Fidel Castro pro Brasil. Que isenção ele vai ter para investigar de forma irresponsável e imparcial quem realmente cometeu aqueles atos escandalosos, violentos e absurdos no último domingo”.

“A situação já estava controlada e esse decreto da intervenção é algo que a gente precisa ter muita calma, para não cometer injustiças. Tenho críticas ao governador Ibaneis, não concordo com a maneira de administrar, mas o homem foi eleito por quase um milhão de brasilienses, de brasileiros, pelo voto popular. Isso não vale mais nada? Às vezes, sob o pretexto de querer se resolver alguma coisa politicamente, se toma uma atitude dessa que vai contra a democracia”, argumentou. O parlamentar classificou como um “abuso” a decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes de determinar o afastamento do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), e disse que, como a situação em Brasília já estaria “controlada”, não haveria a necessidade de intervir no governo estadual: “A partir do momento que houve essa intervenção, a gente tem que ver, operacionalmente, se funciona, se está dentro de um Estado democrático de direito, dentro da legalidade. Quando a gente foi votar ontem essa medida, a situação está completamente controlada. Então, não é um momento emergencial. Poderia já ter se voltado à normalidade do Estado”.

O senador também pediu cuidado na apuração dos crimes cometidos durante as invasões, questionou uma suposta falta de atitude do Governo Federal para conter a manifestação e criticou o pedido de prisão de Anderson Torres, ex-secretário de Segurança do Distrito Federal: “A questão de apuração desse vandalismo, dessa depredação, que merece o repúdio dos verdadeiros democratas, precisa ser feita com isenção. Você tem uma denúncia gravíssima, feita pelo senador Marcos do Val, que é algo que precisamos aprofundar. Ele apresenta hoje à imprensa brasileira provas de que o presidente da República do Brasil sabia com antecedência que o objetivo era depredar e destruir as instituições do Brasil. Por que não se tomou uma providência? Ele e o ministro da Justiça, que também foi informado pela Abin, a inteligência renomada e respeitada, uma instituição de apoio muito importante da nação. 48 órgãos federais também foram informados. Essa turma já está no poder, já passou o período eleitoral, eles já assumiram o Brasil. É muito estranho tudo isso”.

“O ministro Alexandre de Moraes afastou o governador, o Governo Federal fez a intervenção na segurança do DF. E eu pergunto, o que eles fizeram com relação ao ministro da Justiça, Flávio Dino, por exemplo? Saiu na Folha que ele foi informado pela Abin, o Ministério da Justiça. E aí? O ministro Alexandre de Moraes usou a caneta para afastar o ministro da Justiça? Ou para mandar prender, como de forma injusta mandaram prender o ex-secretário de Segurança, Anderson Torres. É algo que eu acho muito estranho. É porque ele foi ministro do Bolsonaro? Será? Eu tenho minhas críticas com o Governo Federal anterior e com o presidente Bolsonaro, sempre deixei isso muito claro, com a independência que tenho no mandato. O certo é o certo, mesmo que ninguém faça, e o errado é o errado, mesmo que todos façam. Nós precisamos entregar a verdade para as pessoas”, declarou.