Girão lança candidatura à presidência do Senado: ‘Meu grande trunfo vai ser a população brasileira’

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que faz parte da base aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), anunciou que vai concorrer à presidência do Senado Federal em 2023. Para falar sobre o assunto, ele concedeu uma entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta segunda-feira, 12. Ele disse prometer que, se eleito, vai desengavetar pedidos de impeachment contra ministros do STF e aprovar a votação de ao menos um projeto de lei de cada senador por ano. Além disso, Girão aposta que, mesmo que o atual presidente esteja fortalecido na casa, a população brasileira vá acompanhar o processo eleitoral e se mobilizar a seu favor, contribuindo para que tenha mais força. “Tenho certeza que meu grande trunfo vai ser a população brasileira, que vai se mobilizar, que vai assistir essa eleição do Senado como uma final de Copa do Mundo, só que, dessa vez, com o Brasil jogando e vencendo”, disse.

Questionado sobre a candidatura do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN), do partido do presidente Bolsonaro, e a possibilidade de composição, para não dividir os votos, Girão argumentou que, para ele, ter mais candidatos na disputa pelo comando do Senado é o melhor cenário político possível. “Quantos mais candidatos nós tivermos, melhor, para que haja mudança, para que haja alternância de poder. Só vai ser eleito o novo presidente quando ele tiver maioria absoluta. Então, num segundo ou terceiro turno, porque podem ter várias votações, se unirem certos espectros para colocar sua posição. A minha entrada nessa corrida é com o objetivo de somar, de colaborar com discussão e pautas importantes. Reconheço virtudes do nosso ex-ministro do atual governo, Rogério Marinho, reconheço também virtudes do Rodrigo Pacheco, que é apoiado pelo Lula, embora discorde profundamente da forma como estão sendo evitadas certas pautas, por exemplo com relação a harmonia e independência entre os poderes. O Senado está muito mal visto pela sociedade brasileira de forma legítima porque não encara, por exemplo, pedidos de impeachment, que tem na casa quase 60. Isso tem que ser pelo menos votado. É um compromisso que eu já assumo com a população brasileira. Que a gente possa fazer isso. Já tivemos dois presidentes da República impeachmados, deputados e senadores cassados, porque não uma investigação, com direito a ampla defesa e ao contraditório, para ministros do STF que eventualmente estão cometendo abusos e deixando essa casa paralisada por causa do foro privilegiado. O fim do foro privilegiado e a volta da prisão em segunda instância também vão ser pautas que eu gostaria de colocar para frente”, disse o senador.

Ele também assumiu enxergar o favoritismo do atual presidente da casa por sua reeleição, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). “Rodrigo Pacheco é um candidato forte, tem o apoio agora do Lula. E é um candidato que, para ter um senado forte, a gente precisa derrotar. Como candidato, me comprometo a a gente democratizar o regimento interno do Senado. Pelo menos um projeto por senador, que representa a sociedade, vai ser votado no ano. Esse é o mínimo. Você tem 81 senadores. Que cada tenha direito, mesmo que não seja amigo do rei, que ele possa deliberar”, prometeu Girão.

“Estou aqui no Senado Federal há quatro anos, entendendo como a missão mais importante da minha vida, e me frustrei com as últimas eleições a presidência dessa casa. A primeira foi o Davi Alcolumbre, que um dos primeiros compromissos, no dia da posse, já ficou com acabar com o ‘segredismo’, ou seja, voto aberto para presidente do Senado Federal, foi um dos motivos pelos quais ele foi eleito, mas depois esqueceu. O Rodrigo Pacheco eu não posso nem assumir a culpa em relação a isso, porque eu votei em outro candidato, mas eu acredito que a gente precisa, sim, de alternância de poder, de mudança. Muitos projetos, muitas deliberações engavetadas. Precisamos de mais democracia no Senado Federal, encarar certas demandas legítimas da sociedade brasileira. E eu pretendo fazer um trabalho para que o Senado seja mais transparente, altivo e independente nesse momento difícil que o Brasil vai viver nos próximos anos. Não é fácil. A gente sabe que o presidente Rodrigo Pacheco já está trabalhando há muito tempo pela sua reeleição, mas, pode ter certeza, que já começamos os contatos, e que vou dar o melhor de mim, no limite das minhas forças, mesmo sabendo de minhas inúmeras limitações e imperfeições, para a gente conseguir vencer essa eleição no dia 1º de fevereiro”, explicou.