Greve na Samsung poderá gerar crise em sua fabricação de chips

Samsung

A Samsung está lidando com uma crise entre seus colaboradores que poderá complicar sua meta de alcançar os concorrentes no mercado em expansão de semicondutores usados em sistemas de IA.

A big tech estava em um bom momento com seus investidores após anunciar a expectativa de crescimento dos lucros operacionais em 1.500% no segundo trimestre, em relação ao ano anterior.

Entretanto, a orientação mais forte do que o esperado veio em meio a uma crescente agitação dos funcionários e contratempos na produção de chips que fizeram com que a empresa ficasse para trás dos concorrentes. As ações da Samsung subiram cerca de 7,5% este ano, contra um aumento de 65% para o rival doméstico SK Hynix.

Atualmente, a empresa está atrás da SK Hynix e da fabricante de chips dos Estados Unidos Micron no desenvolvimento de chips de memória HBM, um componente crucial dos sistemas de IA, e ainda não passou nos testes necessários para se qualificar como fornecedor de HBM para o líder do setor, a Nvidia.

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“Isso é extremamente preocupante para uma empresa que historicamente foi a principal fabricante de memória”, afirma Myron Xie, analista da consultoria de chips SemiAnalysis. “HBM é um produto muito lucrativo, então a Samsung está perdendo uma grande oportunidade.”

Em maio, o presidente da Samsung, Lee Jae-yong, anunciou abruptamente um novo chefe da divisão de chips da Samsung Electronics, o veterano da indústria Jun Young-hyun, que prometeu “renovar o ambiente interno e externo” para lidar com uma “crise de chips” na empresa.

Mas um engenheiro de chips da Samsung, falando sob condição de anonimato, disse ao Financial Times que “não viu muitas mudanças, mesmo depois da subsituição de chefe”. “O ambiente interno está sombrio, já que ficamos para trás da SK Hynix em HBM e não conseguimos alcançar a TSMC na fundição.”.

“As pessoas estão descontentes com seus salários em geral, pois acham que são tratadas pior do que seus colegas na SK Hynix”, acrescenta o profissional. “Muitas pessoas estão pensando em deixar a empresa para se juntar aos nossos concorrentes.”

O descontentamento dos colaboradores foi exposto na segunda-feira passada (8), quando cerca de 6.500 membros do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Samsung Electronics, que viu seus quadros crescerem de 10 mil para mais de 30 mil em um ano, iniciaram uma greve de três dias sem precedentes.

Entretanto, a greve se prolonga por tempo indeterminado, com os trabalhadores exigindo melhores salários e condições, resultando na maior ação trabalhista organizada na história da Samsung.

“A moral dos trabalhadores está baixa, desencorajados por recompensas financeiras menores”, afirma um pesquisador do negócio de smartphones da Samsung, também falando sob condição de anonimato. “Eles se sentem impotentes porque a gestão parece sem direção.”

“Eu estava acostumado ao crescimento das vendas durante toda a minha vida na empresa, mas esta é a primeira vez que vejo um declínio no crescimento”, acrescenta um vendedor de eletrodomésticos da Samsung, que também não quis ser identificado. “As pessoas da minha equipe estão sentindo um senso de crise.”

A Samsung negou as alegações do NSEU de que a greve de três dias havia interrompido a produção de chips. Mas na quarta-feira, o sindicato anunciou que continuaria com uma “greve por tempo indeterminado” que visaria as linhas de produção, incluindo aquelas usadas para fabricar chips HBM.

A Samsung argumenta que, como a única empresa com capacidades em fundição de ponta e chips de memória, bem como técnicas de “empacotamento avançado” de próxima geração, estará bem posicionada para enfrentar uma aliança crescente entre a SK Hynix e a TSMC, que estão trabalhando juntas de perto na próxima geração de chips de IA.

*Com informações da Folha de SP

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