Guerra comercial entre China e EUA pode eliminar quase 7% do PIB mundial

Desde que o presidente do Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no dia 2 de abril as tarifas sobre produtos estrangeiros, a tensão entre China e os norte-americanos, que já não era das melhores, aumento ainda mais e deu origem a uma guerra comercial entres os países. Em resposta as medidas do republicano, Xi Jinping retaliou e impôs tarifas de 84% sobre produtos importados dos Estados Unidos. A ação fez com que Trump colocasse tarifas de 125% sobre as importações chinesas, em comparação com os 104% impostos há poucos dias, além de suspender taxas alfandegárias a dezenas de países por 90 dias. Trump, que tem o gigante asiático como principal alva de sua guerra tarifária, justifica o tarifaço citando a suposta “falta de respeito” de Pequim, que guiou todos os passos de Washington nesta guerra comercial.
As tarifas sobre os produtos chineses aumentaram drasticamente: 10, 20, 54, 104 aos 125% atuais. Além disso, a segunda maior economia do mundo é afetada por outras tarifas impostas pela Casa Branca a produtos específicos, como aço, alumínio e automóveis. A China disse que lutaria contra as tarifas dos EUA “até o fim” e respondeu a cada um dos ataques tarifários de Washington. Nesta quinta-feira, a China implementou essas novas tarifas, embora ainda não tenha reagido ao último aumento de 125% decretado por Trump. O governo chinês também iniciou um procedimento na Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando “assédio” por parte do governo americano, e já deixou claro que que não vai recuar. Zhiwei Zhang, economista da Pinpoint Asset Management, que não vê uma “solução rápida e fácil” para o conflito.
Impacto da guerra comercial para EUA e China

Valentina BRESCHI, Maria-Cecilia REZENDE / AFP
A guerra comercial pode reduzir o comércio de bens entre os dois países em “até 80%” e eliminar “quase 7%” do PIB mundial a longo prazo, alertou a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala. As exportações chinesas para os Estados Unidos ultrapassaram 500 bilhões de dólares (mais de três trilhões de reais) no ano passado, representando 16,4% do total, segundo os serviços aduaneiros de Pequim. Ao mesmo tempo, a China importou 143,5 bilhões de dólares (869 bilhões de reais) em produtos americanos no mesmo ano, segundo o escritório de representação comercial americano The Office of the U.S. Trade Representative (USTR). Os Produtos agrícolas dominam as importações, segundo o conselho empresarial EUA-China, que também destaca a importância do petróleo e gás, produtos farmacêuticos e semicondutores.
A ira de Trump é alimentada pelo superávit comercial da China, que em 2024 foi de 295,4 bilhões de dólares (1,79 trilhão de reais), segundo o Departamento de Comércio americano. O gigante asiático não está disposto a equilibrar a balança, em parte porque as exportações agem como motor econômico diante do fraco consumo interno. Uma piora na guerra comercial pode impactar a já modesta meta de crescimento de Pequim de “cerca de 5%” para 2025.

Valentina BRESCHI, Maria-Cecilia REZENDE / AFP
*Com informações da AFP
Publicado por Sarah Paula