Guerra e paz: em se tratando de política, atualmente, não está fácil ser política

Nessas eleições, eu fui original. Não discuti, não briguei, não postei notícias chocantes, não compartilhei vídeos bombásticos, não usei cores simbólicas. Usei laranja (Holanda?), mas é que me cai bem. Pelo que eu vejo, nesse momento, existem dois tipos de Instagram. Tem o homogêneo, o mais tranquilo, e o heterogêneo, o mais desafiador. Adivinha qual é o meu? No primeiro, todos os seguidores são do mesmo time. É como jogar em casa. Você distribui curtidas à vontade e pode postar em paz, com a certeza de que os comentários serão bons. E tem o Instagram heterogêneo, ou rachado no meio, como o meu. Sim, eu sempre fui da amizade generalista, circulando por vários grupos, desde a escola. É bem legal, menos nessa situação. Então pensa: todo dia eu via uma metade agredindo a outra metade. Via pessoas doces e gentis se tornarem agressivas, grosseiras, sarcásticas, irônicas e até violentas. E eu, no meio, apanhando de todos os lados. No dia das eleições, se me fizessem um corpo de delito, tinha olho roxo, baço estourado e, principalmente, um coração em frangalhos.

Vou te dizer o pior: nem os nulos, os brancos, os indecisos ou indefesos foram perdoados. Nem os que travaram as costas, e não puderam votar, foram absolvidos. Omissos, cúmplices, covardes, dramáticos (no caso dos contundidos) e por aí vai. Ou seja, não existiu a opção “não entrar na briga”. Eu nunca fui da política. Não é que eu não me importe. É que às vezes meu microcosmo sensível, chegado a uma depressão, precisa de proteção e cuidados. Aconteça o que acontecer, aqui dentro vai continuar acordando comigo e tem horas que eu preciso votar em mim. No final das contas, minha meta foi, e ainda é, continuar a ter as pessoas que eu amo a meu lado. Afinal, a vida vai continuar. Se vai ser melhor ou pior não sabemos, já que ninguém consegue prever o futuro (tirando a Lene Sensitiva). Então, nessas eleições, a verdade é que eu me recuso a perder. Me recuso a perder cada um de vocês.