Gupy busca IA que vá além da aceleração com o uso de agentes

Uma pessoa está em pé sobre um palco, segurando um microfone enquanto fala ao público. Ela veste um terno claro com uma camisa vermelha por baixo. Ao fundo, há uma grande tela com um texto em português que diz: “2% dos trabalhadores brasileiros já sofrem com burnout – ISMA-BR”. (Gupy)

O HR4Results, evento anual da Gupy voltado ao setor de recursos humanos, teve início nesta quarta-feira (2) com reflexões sobre o uso da tecnologia dentro das organizações. Na palestra de abertura, Guilherme Dias, CMO da companhia, abordou os atuais desafios enfrentados por equipes de RH, incluindo as pressões para manter um ambiente saudável nas empresas e a urgência de preparar os colaboradores para o uso da inteligência artificial (IA).

A preocupação foi compartilhada pela CEO e cofundadora da Gupy, Mariana Dias, que discutiu a discrepância entre os discursos sobre a relação da IA com os empregos e as demissões em massa promovidas por big techs nos últimos tempos. “É uma pergunta que está todos os dias na cabeça dos funcionários: será que a IA vai substituir os humanos? E nós já temos visto empresas como a Microsoft e a Amazon seguindo por esse caminho”, afirmou durante a keynote.

Para a executiva, os acontecimentos recentes são um convite para que as organizações se adaptem e auxiliem seus times a se reinventarem. “Várias profissões vão desaparecer, mas o ser humano tem um grande poder de se reinventar.”

O processo, para a Gupy, envolve a incorporação de agentes de IA nos recursos humanos, o que, segundo Mariana, significa ir além da aceleração promovida pela automação e passar a utilizar a tecnologia como ferramenta de transformação.

Na área de recursos humanos, onde 69% dos candidatos desistem do processo seletivo por falta de clareza, demora ou falta de feedback, segundo a Gupy, isso significa treinar os agentes para atuarem com:

  1. Seleção: analisando perfis, identificando competências, priorizando candidatos, preparando devolutivas em massa e até realizando entrevistas;
  2. Análise: criando benchmarking, alertas de cenário e auxiliar na tomada de ações corretivas;
  3. Mobilidade interna: identificando colaboradores internos prontos para novas vagas, orientado-os nos processos e alinhando expectativas;
  4. Atratividade: rastreando candidatos em diferentes bases, criando comunicações e engajamendo perfis ainda não inscritos em vagas.

Para fazer isso, a HRtech anunciou durante o evento uma nova plataforma de Central de Carreiras. O objetivo da empresa é expandir o negócio para além do recrutamento e seleção, chegando em todas as etapas do RH. “O futuro será um RHA, recursos humanos e autônomos, e nós vamos precisar gerenciar os dois juntos”

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Como seguir humanos?

O lançamento não veio, no entanto, sem um alerta: não adianta utilizar a tecnologia sem governança. Mesmo olhando para o futuro da IA, tanto a CEO da empresa quanto seus demais cofundadores afirmaram ter atenção à ética na incorporação dos agentes. “Como faz para ter princípios de IA e não perder os avanços que tivemos em diversidade?”, provocou Dias.

Em entrevista ao IT Forum, o CIO da companhia, Robson Ventura, também expressou preocupações sobre o tema, reforçando a importância de políticas internas para prevenir vieses dentro das organizações. Em situações como a seleção de candidatos, um dos cuidados seria calibrar a IA para que ela não interprete auto promoções como sinônimo de melhor perfil, já que mulheres tendem a ser mais modestas ao se descreverem.

“Técnica tem um monte no mercado. O que falta é a boa vontade de aplicar e equilibrar, porque o viés pode vir de vários lados. É óbvio que é impossível prever tudo, mas há muitas coisas que dá para antecipar e facilitar.”

Para Ventura, um dos maiores desafios das empresas de tecnologia é manter a velocidade das entregas enquanto se adequam à legislação de dados e aos parâmetros de segurança. Para evitar esse tipo de erro dentro da própria Gupy, ele criou um grupo de controle interno para testar seus agentes antes de transformá-los em produtos.

O executivo afirmou que o lançamento da plataforma é apenas o começo do uso dos agentes, e que a empresa pretende ampliar seu escopo para promover um intercâmbio entre tecnologias como WhatsApp, Slack e outras ferramentas conversacionais. Além disso, o grande objetivo da Gupy para os próximos anos é ajudar as empresas a darem os próximos passos estratégicos com base nos dados coletados das operações.

“Por exemplo, se a organização determina quais são as grandes metas da empresa, com base nos dados que temos das pessoas, podemos criar agentes que vão dizer: ‘Ó, para atingir o faturamento da empresa, o time comercial tem que ser distribuído desse jeito’.”

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