HealthLake: AWS e Sírio-Libanês lançam data lake de saúde

Uma parceria entre o Hospital Sírio-Libanês e a AWS resultou no primeiro data lake de integridade e análise de dados em saúde privada na América Latina, segundo as duas organizações. Batizado de HealthLake, a iniciativa promete melhor análise das tendências em saúde populacional, amplia oportunidades em intervenções de saúde e potencializa o Open Health.

A operação faz parte da Alma Sírio-Libanês, marca criada para atuar nas frentes de saúde digital conectando hubs, ecossistemas e startups para pensar nas melhores soluções para o mercado, que hoje possui 70 startups em funil de inovação para serem encubadas.

Ailton Brandão, CIO do Hospital Sírio-Libanês, explicou em entrevista ao IT Forum, que o Health Lake é baseado em um padrão, o HL7 FHIR – tido como o melhor modelo lógico para armazenação de dados de saúde.

“Ao invés de recriar a roda, estamos usando a tecnologia baseada nesse padrão. Muitas ferramentas estão preocupadas apenas em levar os dados de um lado para a outro. A nossa plataforma armazena de maneira limpa, correta e eficiente os dados e acopla IA para tomar melhorar sua utilização”, diz ele.

Esse é, inclusive, o protocolo da OMS e da Anvisa para o armazenamento e compartilhamento de dados. “Estamos nos adiantando para o Open Health. Assim que estiver regulamentado, nós poderemos rapidamente atender aos pedidos do paciente e receber dados de múltiplas fontes”, complementa Ailton.

Para que tudo isso seja possível, Paulo Cunha, country manager de Setor Público da AWS, explica que o Heath Lake nasceu após a empresa entender o mercado de saúde e ouvir feedbacks sobre a necessidade de integração de dados.

“A AWS gera serviços em cloud como se fossem peças de Lego. Ao escutar sobre a necessidade de entender o mercado, ter múltiplas fontes de dados e sistemas não estruturados e, ao mesmo tempo, a necessidade de tirar melhor proveito dos dados para aumentar a eficiência, integramos a previsibilidade de machine learning no produto. Com essa integração, criamos esse ‘bloco de Lego’ usado pelo hospital para criar seu próprio produto com várias dimensões, desde a eficiência hospitalar e médica, até a melhora da experiência do cliente”, resume.

Leia mais: Sírio-Libanês investirá mais de R$200 mi em vertical de inovação

Diego Aristides, CTO e superintendente de produtos digitais e inovação do Hospital Sírio-Libanês, frisa que a iniciativa possibilita um entendimento melhor do paciente. “Analisamos com mais profundidade os dados, conhecendo os indivíduos e trabalhando em cima das necessidades de cada um de forma otimizada, por meio de inteligência artificial”.

Ao potencializar o entendimento médico por meio do acesso a informações que hoje não estão disponíveis no prontuário, como dados coletados por wearables como smart watches, por exemplo, a instituição passa a fazer o atendimento quase em tempo real, aumentando o alcance do cuidado, possibilitando um acompanhamento dentro e fora do hospital, durante toda sua vida.

Oportunidades de negócios

O Hospital Sírio-Libanês não será o limite dos produtos digitais criados pelo Alma. A expectativa é comercializar seus produtos plug and play para outras instituições. Ailton exemplifica ao dizer que, atualmente, tem um sistema hospitalar usado por outros grandes hospitais e essa plataforma precisa estar preparada para conectar com outros tipos de sistemas hospitalares. “Nós temos o nosso portal do paciente. Se quisermos oferecê-lo para outros hospitais, precisamos estar prontos para nos conectar.”

Por isso, complementa Diego, todo o sistema que está sendo construído é baseado em nuvem e é totalmente interoperável. “Os dados navegarão com os parceiros com segurança, usando a nuvem da AWS e catalogados no HealthLake. Dentro desse plug and play, temos parceiros conectados que podem, ou não, usar soluções da AWS, pois usamos padrões abertos.”

A criação do Alma, dizem os executivos, foi necessária para que o Hospital Sírio-Libanês tivesse mais oportunidades de inovação. Ao serem questionados se o mercado de saúde ainda carece de iniciativas de tecnologia e inovação, Ailton diz acreditar que sim.

“O mercado de saúde tem atraído investimento e atenção de companhias que não são de saúde. Empresas de tecnologia querendo atuar dentro do mercado de saúde, farmácias querendo atuar em serviços além da venda de medicamentos. Tem empresas de tecnologia lançando verticais de saúde no Brasil. Isso porque a saúde é necessária para todos”, explica Ailton.

“Tem um mundo de oportunidades para aplicar tecnologia e colocar o paciente no centro e melhorar a jornada. O que estamos fazendo é focar em inovação e prestar serviços e por que não ajudar outros hospitais a ter uma área de inovação? Eu vejo que o mercado de saúde tem um espaço gigante para usar ferramentas e métodos de inovação”, diz ele.

Diego também acredita que há oportunidades inexploradas na vertical. “A saúde se fechou propositalmente por causa dos pacientes. Quando você fala de saúde, não pode ter erro. Mas é necessário que a saúde ande como ecossistema de inovação e que tenha espaços para errar com segurança. O Alma é um espaço para errar e corrigir rápido sem tocar o paciente.”

Hoje, o Alma tem 270 pessoas dedicadas à tecnologia, inovação e produtos digitais. A previsão é que, até 2030, Alma Sírio-Libanês investirá mais de R$200 milhões em tecnologia, serviços digitais, segurança cibernética, investimentos em Startups e em metodologias para transformar a saúde no país.

Ailton afirma que a meta para esse ano é a integração de 12 novas startups ao ecossistema, além de ter um dos produtos digitais licenciados para outros hospitais.

Do lado da AWS, a visão é de que a parceria é e deverá continuar sendo de longo prazo. “Quando começamos a conversar, há cinco anos e meio, fomos construindo quais tipos de tecnologias iríamos ofertar, como nos integrar, qual intercâmbio técnico poderíamos fazer. O HealthLake é uma consolidação disso. Nós queremos estar nos próximos cinco anos ainda aqui”, finaliza Paulo.

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