Geoffrey Hinton e John Hopfield ganham Nobel de Física 2024 por inovações em IA

Geoffrey Hinton e John Hopfield ganham Nobel de Física 2024

Geoffrey Hinton, pesquisador da inteligência artificial, e John J. Hopfield, físico e professor de Princeton, foram anunciados nesta terça-feira (8) como os vencedores do Prêmio Nobel de Física de 2024. A Royal Swedish Academy of Sciences concedeu o prêmio aos cientistas por suas descobertas fundamentais e invenções que permitem o aprendizado de máquina com redes neurais artificiais. Como parte da premiação, eles receberam 11 milhões de coroas suecas, cerca de US$ 1,06 milhão, valor que será repartido igualmente entre eles.

“Os dois laureados deste ano em física usaram ferramentas da física para desenvolver métodos que são a base do poderoso machine learning de hoje”, afirmou o comitê do Nobel em um comunicado à imprensa.

Ellen Moons, presidente do Comitê do Nobel para a Física, destacou que as contribuições dos laureados já trouxeram grandes benefícios, especialmente no uso de redes neurais artificiais em diversas áreas da física, como o desenvolvimento de novos materiais com propriedades específicas.

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Hinton, o padrinho da IA

Geoffrey Hinton, apelidado de “Padrinho da IA”, desempenhou um papel crucial no desenvolvimento de redes neurais, que hoje são a base da inteligência artificial moderna.

Nascido em Londres, ele abraçou a ideia de redes neurais durante seu doutorado, apesar de ser uma teoria rejeitada na época. Em 1985, Hinton criou, junto com Terry Sejnowski, a máquina de Boltzmann, um algoritmo inovador que ajudou a moldar o futuro da IA. Ao ingressar na Universidade de Toronto, seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento de sistemas como reconhecimento de imagens, processamento de linguagem natural e deep learning, base de tecnologias modernas, como os modelos de IA.

Em 2012, Hinton e seus alunos fundaram a DNNresearch, focada no avanço das redes neurais profundas. A empresa foi vendida para o Google por US$ 44 milhões, o que impulsionou uma corrida no desenvolvimento de IA entre gigantes da tecnologia. O trabalho de Hinton continua a influenciar a evolução da IA moderna, refletindo a importância de suas inovações e justificando sua premiação.

No entanto, apesar de suas contribuições pioneiras, o pesquisador tem expressado preocupações sobre os riscos de uma IA fora de controle, destacando possíveis consequências negativas como a disseminação de desinformação e até mesmo a ameaça à humanidade. Em 2023, Hinton deixou seu cargo na Google DeepMind para alertar sobre os perigos de uma IA avançada sem regulamentação adequada. Ele teme que essas tecnologias possam superar a inteligência humana de maneira imprevisível, o que seria inédito na história da civilização. Mesmo após ganhar o Nobel, ele reiterou seus receios, ressaltando que a IA pode trazer enormes benefícios, mas também sérios riscos.

Hopfield e a rede neural que leva seu nome

John J. Hopfield, por sua vez, criou a rede de Hopfield, um modelo de memória associativa que revolucionou a forma como padrões, como imagens, são armazenados e reconstruídos. Baseado em princípios da física, como sistemas de spin atômico, seu modelo permite que redes neurais restaurem padrões completos a partir de dados incompletos ou distorcidos, influenciando não só a inteligência artificial, mas também áreas como neurociência computacional e correção de erros.

O trabalho de Hopfield foi fundamental para avanços na IA, incluindo a máquina de Boltzmann, desenvolvida por Hinton. Suas inovações forneceram a base para o reconhecimento de padrões em redes neurais, influenciando o rápido crescimento da IA e causando impacto em indústrias como tecnologia e saúde.

IA ética

O Comitê do Nobel enfatizou a importância de utilizar essas tecnologias de maneira ética e responsável. Em um mundo cada vez mais moldado pela IA, a responsabilidade coletiva de garantir que essa tecnologia beneficie a humanidade se torna mais relevante do que nunca.

Refletindo sobre seu trabalho após receber o Prêmio Nobel, Hinton afirmou à CNN que a inteligência artificial generativa pode ser comparada à revolução industrial, ressaltando que, ao contrário de superar os seres humanos em força física, ela superará em capacidade intelectual.

“Não temos experiência do que é lidar com algo mais inteligente que nós… também precisamos nos preocupar com várias consequências ruins possíveis, especialmente a ameaça de essas coisas saírem de controle”, disse Hinton.

*Com informações da Al Jazeera e do VentureBeat

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