IDC prevê 13% de crescimento para o mercado de TI brasileiro em 2025

O International Data Corporation (IDC) divulgou nesta quarta-feira (12) sua análise de tendências para o setor de Tecnologia em 2025. De acordo com a instituição, a propensão é de que o mercado brasileiro cresça 13% este ano, com grande foco em produtividade, atração e retenção de clientes. O movimento é uma continuação do progresso de 2024, no qual a TI B2B cresceu 9% no país.
A previsão também coloca o consumo de tecnologia das empresas no país acima de toda a América Latina e dos Estados Unidos, que possuem uma projeção de 11% e 12%, respectivamente. No entanto, o maior mudança se vê na Argentina, que, no ano passado, registrou uma queda de -2% e, em 2025, tem uma expectativa de elevação de gastos com TI de 11%.
Ao contrário de 2024, o IDC Latin America Investiment Trends 2025 prevê um crescimento acelerado de 7,2% para o cenário de TIC, mesmo diante de cenários políticos e econômicos incertos. Uma outra tendência continuada entre as empresas respondentes da pesquisa é o aumento das receitas de produtos digitais. Hoje, 38% desses lucros vêm de produtos e serviços habilitados digitalmente.
Ambientes híbridos
Após os anos pandêmicos marcados pelo avanço dos ambientes em nuvem, o mercado volta a demandar o presencial. O movimento não é apenas nas formas de trabalho, mas, de acordo com o IDC, também na forma de armazenar e processar dados. Na grande maioria das empresas, os ambientes híbridos, que integram nuvens públicas e data centers, não são mais uma opção e sim, um padrão.
Para Luciano Ramos, country manager do IDC Brasil, organizações passam por um momento de ajuste em relação ao seus workloads, o que deve impulsionar investimentos em estruturas mais tradicionais, como os data centers. “Importante ressaltar que esses aportes terão também um olhar muito mais forte para os compromissos de ESG e o cumprimento de metas claras de redução da pegada de carbono.”, afirmou durante coletiva de imprensa.
A expectativa é de que os serviços de data centers movimente US$ 1,3 bi, impulsionado principalmente por hyperscalers. Na outra ponta, as nuvens públicas devem ter um crescimento de 20% – em relação ao ano anterior – chegando a US$ 3,5 bi. O avanço se deve, em sua maioria, pelo aumento expressivo no uso de inteligência artificial e IA generativa.
Conforme a última geração da tecnologia se integra ao dia a dia das empresas, a demanda por switches mais potentes e eficientes se intensifica, pedindo por um aumento de GPUs e impulsionamentos na capacidades de redes. Pesquisas recentes da IDC indicam que 28% dos provedores de data center no Brasil já estão adequando suas estruturas para atender exclusivamente a demanda da novidade.
Mais infraestrutura
Para além da IA, a expansão das infraestruturas de TI se alicerça na preocupação crescente das empresas com soberania digital. Em seu relatório, o IDC apontou que 42% das organizações se mostra apreensiva em ter o controle sobre seus dados, em especial na Europa, América Latina e Ásia.
O resultado dessas apreensões é uma previsão de US$ 1,1 bi em gastos com infraestrutura corporativa – servidores e armazenamento. Segundo Pietro Delai, diretor enterprise do IDC Latin America, o ciclo de investimentos deve crescer, mesmo com os recentes anúncios entre China e Estados Unidos. “Até agora, a maior parte desses movimentos, não indicam um impacto negativo para o tema de infraestrutura no Brasil”, afirmou.
Ela de novo, a inteligência artificial
Não há como falar de tendências em tecnologia e não falar sobre inteligência artificial. A ferramenta ainda será explorada e implementada em larga escala pelas empresas, mas, de acordo com Delai, esse movimento terá um amadurecimento, principalmente no uso da IA generativa. “O desafio está em comprovar o benefício. É preciso dimensionar o custo de uma solução e o retorno dela.”, pontuou.
Com a GenIA mais presente no dia a dia das companhias e o número de casos de uso subindo, os executivos passam a ter mais clareza do que ela pode ou não fazer. Com isso, o foco passa a ser mais a eficácia e assertividade dos projetos do que a rapidez para implantá-los. Além de mais seletivos, os CIOs estabelecem métricas mais claras para seus projetos e um desafio se apresenta aos provedores, para que selecionem melhores os casos de uso.
Os gastos com projetos de inteligência artificial é previsto para ultrapassar US$ 2,4 bi em 2025, ultrapassando em 30% o ano passado.
Além de um maior equilíbrio das organizações no uso e resultados da IA, as previsões apontam para um uso maior da tecnologia na cibersegurança. Apesar de muitas empresas estarem buscando a repatriação de seus dados, muitos deles ainda estão e permanecerão armazenados em nuvem, aquecendo as discussões e demandas para uma maior segurança em ambientes multicloud.
“Existe uma crença no Brasil de que se algo está crescendo, eu preciso aumentar o número de pessoas trabalhando, mas em cibersegurança isso não ajuda. Por isso acreditamos que a automação e mais recursos inteligentes habilitados por IA são o caminho.”, aponta o diretor.
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As soluções de segurança devem ultrapassar US$ 2 bi no país, com mais de 40% dos ambientes multicloud tirando proveito da IA generativa para simplificar a gestão de suas proteções. “Vemos esse ritmo de crescimento como algo muito positivo, mostra que a cibersegurança vem ganhando espaço nos orçamentos das organizações.”, afirma Ramos.
ERP de volta ao protagonismo
Nas discussões sobre a digitalização e transformações de negócios, o IDC aponta para a volta do protagonismo do ERP. Já muito importante entre as soluções de software, a tecnologia tem incorporado cada vez mais recursos habilitados por IA. A expectativa é de que ela esteja ainda mais presente no dia a dia dos executivos, oferecendo insights para otimizar processos e acelerar na tomada de decisão.
Atualmente, para as empresas que já utilizam IA, 14% afirmam que ela se tornou um fator-chave de sucesso para os processos que a habilitam. Com o foco renovado em compromissos ESG, a tecnologia também auxilia no monitoramento de energia e a estar em conformidade com regulações ambientais. No entanto, para alcançar este protagonismo, o country manager da empresa ressalta que as equipes de TI precisam assegurar uma cultura data-driven que seja consistente com o tempo.
Com todos estes fatores, o IDC prevê que as soluções de ERP – considerando aplicações core, supply chain, operação e produção – alcançarão US$ 4,9 bi em 2025, 11% a mais que o ano anterior. No entanto, este ano, quase 30% dos gastos com serão direcionados para soluções providas no modelo SaaS (software as a service).
Os computadores voltam à cena
Assim como noticiado pelo IT Forum no final do ano passado, o fim do suporte do Windows 10 e a chegada da versão 11 promete trazer os computadores de volta ao topo de vendas, tanto no cenário B2C quanto no B2B. O setor também espera um aumento no ticket médio dos produtos e, diante disso, estratégias empresariais que buscam mais aluguel do que compra.
De acordo com Renato Meireles, analista sênior de devices do IDC Brasil, o maior impulsionador para o crescimento do segmento é o setor da educação. Em 2025, projetos em âmbitos nacionais e estaduais prometem aumentar a venda dos dispositivos.
Já para dispositivos embedados com inteligência artificial, a expectativa ainda é baixa. O IDC prevê uma participação de 22% de computadores com a tecnologia para este ano.
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