Igreja Católica une fé e sustentabilidade

Na Quarta-Feira de Cinzas, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou a Campanha da Fraternidade 2025 com o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”. Em meio a uma crise climática global e retrocessos ambientais, a decisão da Igreja Católica de encabeçar essa discussão não é apenas simbólica – é um chamado à ação. O lema deste ano, “Deus viu que tudo era muito bom” (Gênesis 1,31), reforça que a natureza não é um bem de consumo, mas uma criação a ser protegida. Inspirada na encíclica *Laudato Si’*, a campanha destaca a urgência de uma conversão ecológica, conceito defendido pelo Papa Francisco. Há anos, o pontífice alerta para os impactos sociais e ambientais da degradação ambiental, colocando a ecologia no centro da doutrina cristã. Essa iniciativa ganha ainda mais relevância no Brasil, onde biomas inteiros sofrem com desmatamento e queimadas. Enquanto setores políticos minimizam as mudanças climáticas e flexibilizam leis ambientais, a CNBB leva essa pauta aos púlpitos e discussões religiosas, ampliando o alcance do debate.
No entanto, a reflexão proposta pela Campanha da Fraternidade precisa se traduzir em ação concreta. A Igreja tem um histórico de influência na política e na mobilização social, e essa campanha pode pressionar governos e empresas a assumirem compromissos ambientais mais sérios. O engajamento das comunidades religiosas também pode fortalecer iniciativas locais de preservação ambiental e justiça climática. A Campanha da Fraternidade 2025 ocorre em um momento emblemático: 10 anos da publicação de “Laudato Si’”, 800 anos do “Cântico das Criaturas”, de São Francisco de Assis, e a proximidade da COP30, em Belém. Todos esses marcos reforçam a urgência de um debate que vai além da espiritualidade e entra no campo da política e da responsabilidade coletiva. O cuidado com a Casa Comum não é apenas um ideal religioso, mas uma necessidade real e urgente.