Intel aposta em integração para transformar redes e edge computing

Sachin Katti, senior vice president and general manager of the Network and Edge Group (NEX) da Intel, apresenta a palestra "Chips for the Future: Fueling Business Transformation with Computing" durante o MWC 2025. No palco, ele destaca como a inteligência artificial e a computação avançada estão impulsionando a transformação digital das redes e da infraestrutura de telecomunicações. O grande telão ao fundo exibe o tema da apresentação e uma imagem ilustrativa de um chip.

A indústria de telecomunicações viveu uma revolução quase silenciosa na última década. Da virtualização do core das redes à “cloudificação” da borda, a jornada transformacional do setor foi um dos principais temas abordados por Sachin Katti, vice-presidente sênior e gerente-geral de Network e Edge Group (NEX) da Intel, durante sua apresentação no MWC 2025, que acontece nesta semana em Barcelona*, na Espanha. Mas, segundo ele, a mudança mais profunda ainda está por vir: a integração da inteligência artificial (IA) como parte fundamental da infraestrutura de redes.

Katti brincou ao comentar que a IA está “dentro e fora” de todos os lugares. Mas a verdade, segundo ele, é que a tecnologia representa um divisor de águas, com implicações diretas na forma como as redes são projetadas, implementadas e operadas. “Diferentemente de outras tendências, a IA vai impactar cada aspecto da arquitetura de redes”, afirma.

Edge IA

O grande obstáculo desse novo contexto, segundo Katti, está na adaptação da IA a ambientes com restrições severas de espaço, energia e resfriamento. O executivo destacou que a infraestrutura de telecom não pode se dar ao luxo de implantar soluções proprietárias ou específicas para cada nova demanda. Em vez disso, a chave do sucesso é investir em plataformas de uso geral que possam ser escaladas ao longo do tempo.

“A lição que aprendemos com a transformação da cloud para a rede é que plataformas abertas e flexíveis são essenciais. Não podemos antecipar o que será necessário amanhã, então precisamos garantir que a infraestrutura seja programável e capaz de evoluir”, pontua.

Para isso, segundo ele, a Intel vem apostando em uma abordagem híbrida, permitindo que cargas de trabalho de IA rodem lado a lado com funções de rede e comunicação em um mesmo ambiente.

Como exemplo dessa prática, Katti citou uma demonstração de um aeroporto que conseguiu operar 12 câmeras de vigilância com processamento de visão computacional enquanto rodava um modelo de linguagem (LLM) de 7 bilhões de parâmetros – tudo isso em uma única plataforma. Esse tipo de solução, segundo ele, ilustra o impacto prático da IA na operação de redes e empresas.

IA sem atritos

Outro ponto crítico mencionado pelo executivo foi a necessidade de evitar um aumento exponencial nos custos de infraestrutura. Muitos operadores temem que a adoção de IA exija investimentos massivos em novos hardwares ou arquiteturas proprietárias. Mas Katti defende uma abordagem diferente. Para ele, a IA precisa ser adicionada sobre a infraestrutura existente, sem a necessidade de uma revolução abrupta.

“Nosso objetivo é permitir que empresas experimentem a IA de forma incremental, rodando cargas de trabalho sobre a mesma plataforma já utilizada para funções de rede”, explicou. Para isso, a Intel vem trabalhando para garantir compatibilidade e escalabilidade em seus produtos, permitindo que clientes adicionem poder computacional conforme novas demandas surjam.

Ecossistema aberto

Além da tecnologia em si, Katti enfatizou que nenhuma grande transformação acontece sem colaboração. Ele destacou que a virtualização da rede nos últimos dez anos só foi possível graças a um ecossistema aberto e à padronização de abordagens entre diferentes companhias do mercado. Para a IA, a lógica deve ser a mesma.

Um exemplo dessa estratégia é o trabalho conjunto entre Intel e AMD para harmonizar conjuntos de instruções e reduzir a complexidade da adoção de IA na infraestrutura de redes. Esse tipo de cooperação, segundo Katti, será essencial para acelerar a transformação digital do setor.

Rede mais inteligente e flexível

Para Katti, a IA não deve ser encarada como um silo, mas como uma peça central da nova arquitetura das redes. O desafio agora é encontrar formas de integrá-la de maneira prática e eficiente. Com a virtualização das redes já consolidada, a nova fronteira será usar a IA para otimizar operações, reduzir latências e criar aplicações baseadas em machine learning e automação.

A mensagem do executivo sobre o que vem por aí mira em, novamente, na colaboração. De acordo com ele, operadoras e empresas que conseguirem adotar IA de forma escalável e integrada têm uma vantagem competitiva crucial nos próximos anos. “Estamos apenas começando a ver o impacto real da IA nas redes. O futuro será definido por quem souber aproveitar essa revolução da maneira certa.”

*A jornalista viajou a convite da Intel

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