Inteligência Artificial na educação: desafios éticos e oportunidades inovadoras

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A presença da Inteligência Artificial (IA) na sociedade contemporânea é uma realidade inescapável, mas que deve ser abraçada. A ferramenta mais popular, ChatGPT, uma plataforma da OpenAI, foi acessada aproximadamente 2,4 bilhões de vezes em todo o mundo no mês de janeiro de 2024, um aumento de 178% em comparação com o mesmo período em 2023.  

O Brasil se destacou como o quarto maior usuário, contribuindo com 5,16% do tráfego global. Logo, a IA está aqui, porém, estamos preparados para lidar com ela? 

Especialistas e reguladores estão debatendo sobre a influência da tecnologia – cada vez mais sofisticada – em nossas vidas, mas, como educadores, precisamos estar na vanguarda para ajudar nossos alunos a aprenderem sobre um mundo onde a IA é uma realidade.  

Presente no discurso pedagógico e nas salas de aula ao redor do planeta, as conversas sobre o tema precisam se manter em evidência e explorar as novas oportunidades educacionais que essa tecnologia pode oferecer para preparar futuros líderes. 

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Em uma pesquisa de 2023 conduzida por uma editora com escolas sem fins lucrativos nos Estados Unidos, 60% dos educadores confirmaram o uso de IA nas salas de aula. Além disso, 55% dos respondentes estão otimistas sobre essas ferramentas para melhorarem os resultados educacionais. Outros 43% já aplicam IA em modelos de aprendizagem adaptativa. 

No Brasil, observa-se tendências semelhantes. Na pesquisa “Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica”, três em cada quatro professores concordaram que a tecnologia e a IA podem ser ferramentas de ensino eficazes. Um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul indicou que 50% das escolas públicas e privadas no país implementarão inteligência artificial em suas atividades diárias até 2030. 

Como qualquer tecnologia disruptiva, a implementação da IA nas salas de aula é um desafio. Muitos temem que os estudantes reproduzam trabalhos sem se envolverem com o aprendizado. Logo, os educadores devem focar no que os alunos realmente estão aprendendo, não sobre o que estão escrevendo.    

Isso pode ser trabalhado estabelecendo princípios éticos ao usar IA, princípios que eles levarão consigo para o mercado de trabalho.  

Também é crucial equilibrar essas preocupações com a oportunidade e o otimismo de usar a inteligência artificial a favor do desenvolvimento de habilidades valiosas, como criatividade e pensamento crítico. 

Embora novas tecnologias possam permitir novos meios de plágio ou má conduta acadêmica, isso não é uma experiência nova.  

Um estudo de 2023 da Universidade de Stanford indicou que as taxas de má conduta estudantil durante avaliações permanecem semelhantes às de antes da popularização da IA generativa. Essas descobertas sugerem que limitar o acesso à tecnologia, na verdade, impedirá que os alunos aprendam sobre seu uso ético. 

Devemos resistir à reação instintiva de desencorajar a utilização da tecnologia por ela desafiar métodos tradicionais de ensino e aprendizagem. Temos que ensinar e incentivar o uso responsável.  

A IA é uma oportunidade para evoluirmos do modelo de dar aos estudantes tarefas que podem ser resolvidas pela tecnologia para focar em valorizar o que nós humanos, principalmente jovens, fazemos de melhor: refletir sobre novas perspectivas e resolver problemas criativamente. 

Olhando além da educação, os estudantes serão confrontados sobre o uso da inteligência artificial em suas vidas profissionais. A empresa de consultoria Grand View Research espera um crescimento anual de mais de 36% nos investimentos em IA globalmente até 2030, adicionados a um mercado avaliado em US$ 196 bilhões em 2023. Ou seja, ela fará parte das carreiras dos alunos, mesmo que ainda pareça novidade. 

Hoje, os professores têm a oportunidade de se envolverem em análises críticas sobre trabalhos produzidos por IA. Por exemplo, ao fazer perguntas à ferramenta e avaliar respostas, juntos, educadores e alunos, podem identificar falhas e entender como fazer questionamentos melhores. Essas lições ajudam os estudantes a desenvolverem perguntas mais elaboradoras de pesquisa enquanto testam os limites da tecnologia.  

Avaliar o progresso dos alunos durante a fase de estudo e escrita e comparar seu trabalho final para identificar inconsistências entre as tarefas assistidas por IA também capacita os educadores a usarem a tecnologia de forma benéfica.  

Ao abraçarem a inteligência artificial, os professores também podem desafiar os estudantes a descobrirem vieses e preconceitos na produção da IA, uma prática já adotada na gestão de muitas corporações privadas.  

Discussões em sala de aula sobre desafios éticos das tecnologias digitais preparam os alunos para debates que serão travados em suas vidas profissionais. E possibilitar a eles desenvolverem hoje habilidades para o futuro, oferecendo suporte aliado à tecnologia, é fundamental para que a IA seja adotada de forma eficaz. 

IA, entretanto, não oferece novas possibilidades somente aos alunos. Ela também proporciona aos professores mais tempo para fazer o que eles são apaixonados: ensinar.  

Com as tarefas operacionais diárias facilitadas pela tecnologia, os educadores ganham mais tempo para os elementos humanos da profissão, quando fazem a grande diferença no desenvolvimento de crianças e adolescentes. 

Gestores educacionais também devem fazer parte do debate. À medida que os professores enfrentam esses desafios na sala de aula, eles precisam de processos e políticas para orientá-los. Alunos devem citar os trabalhos gerados por IA em pesquisas, assim como qualquer fonte bibliográfica em trabalhos acadêmicos. Mas novos desafios surgirão e demandarão novas práticas, abordagens e soluções.  

Não podemos pausar a educação para construir essas soluções em nossos próprios termos. Em vez disso, somos encarregados de criá-las em sala de aula em tempo real, aprendendo e construindo à medida que avançamos.  

O mais importante é não temermos essas novas estradas, não pavimentadas, à nossa frente, mas trabalharmos juntos para construir um caminho que leve nossos estudantes a um futuro em que eles estejam preparados para o sucesso. 

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