Internet global: como políticos e políticas estão influenciando o ambiente de cibersegurança

A imagem mostra um conceito de cibersegurança, com um fundo escuro e um teclado de computador iluminado. Uma mão está digitando no teclado, enquanto ícones de cadeados digitais aparecem sobrepostos. Os cadeados vermelhos representam vulnerabilidades ou riscos de segurança, enquanto um cadeado azul no centro simboliza proteção e segurança digital (profissionais)

Por Cláudio Neiva, diretor de Tecnologia de Campo da CyberArk para a América Latina

No mundo conectado de hoje, segurança não é somente um desafio técnico – é uma rede complexa com ameaças permeadas por políticas, políticos e relações internacionais. Decisões feitas em governos e fóruns internacionais produzem um impacto profundo no mercado de cibersegurança, afetando desde a privacidade até a defesa nacional dos países. Por isso, trago aqui uma análise sobre como algumas ações de governantes estão moldando o futuro digital.

As políticas públicas são fundamentais para estabelecer regras de segurança, especialmente porque as nações mudam suas abordagens a ameaças contemporâneas. Um exemplo é o debate sobre o equilíbrio entre segurança nacional e privacidade. Leis que combatem crimes cibernéticos levantam preocupações sobre vigilância e coleta de dados.

No cenário cibernético atual, a descentralização da responsabilidade em cibersegurança é uma tendência clara. Governos estão transferindo responsabilidades para estados e autoridades locais, visando uma maior proteção da infraestrutura digital. Embora essa abordagem permita soluções personalizadas, ela também gera desafios de coordenação entre diferentes jurisdições, levantando uma questão crucial sobre como garantir uma estratégia coesa em um cenário onde as responsabilidades estão distribuídas em múltiplos níveis governamentais. Com isso, a intersecção entre geopolítica e cibersegurança emerge como um novo campo de batalha, exigindo atenção e soluções inovadoras.

O uso de ataques cibernéticos como ferramentas de espionagem, sabotagem e guerra por diferentes nações está redefinindo o cenário competitivo global. A cibersegurança tornou-se um novo ponto de disputa, onde as fronteiras entre o conflito militar tradicional e as operações cibernéticas estão se tornando cada vez mais tênues e assim criando um novo tipo de guerra.

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Relatórios recentes de mercado destacam que atores estatais estão utilizando ferramentas open-source para realizar ataques cibernéticos. Ao se misturarem ao tráfego normal, esses grupos dificultam o processo de detecção e contornam os controles de segurança existentes – tática que aumenta a preocupação com a natureza das ameaças cibernéticas e intensifica o desafio de se defender contra elas.

A campanha proveniente da China chamada Volt Typhoon exemplifica as preocupações sobre o posicionamento estratégico do país em infraestruturas críticas de outras nações e seu potencial para causar interrupções em momentos de tensão política. Essa estratégia prejudica as relações internacionais na área da cibersegurança e coloca em foco temas como monopólio tecnológico e governança digital.

A concentração de poder nas mãos de poucas empresas de tecnologia gera também implicações para a cibersegurança. Governos têm buscado iluminar o caminho regulatório por meio de ações antitruste e escrutínio regulatório mais rigoroso. Questões como privacidade, moderação de conteúdo e domínio de mercado estão no centro do debate sobre como equilibrar soberania digital, tecnologia e progresso em um mundo globalizado, mas com ameaças crescentes de fragmentação e isolamento regional.

Quando uma grande empresa detém controle substancial sobre o ecossistema digital, ela inadvertidamente cria um ponto único de falha que pode ser explorado por agentes maliciosos. Por exemplo, uma extensa infraestrutura de nuvem utilizada por grande parte de um setor pode levar a uma falha sistêmica generalizada caso o provedor de serviços encontre problemas. As consequências de tal falha são difíceis de prever, mas poderiam ser significativas. Equilibrar inovação e regulamentação é crucial para manter a segurança e a liberdade da internet. Fatores humanos como mudanças políticas e a necessidade de profissionais qualificados aumentam o desafio de encontrar soluções adequadas.

Decisões políticas podem ter um impacto significativo sobre os profissionais de cibersegurança. Por exemplo, o ex-diretor do CISA enfrentou retaliação política por falar que as eleições de 2020 estavam seguras, desmistificando teorias conspiratórias. Este tipo de intimidação desencoraja especialistas a compartilhar informações vitais, comprometendo a segurança geral e proteger a integridade destes profissionais é fundamental para que eles possam trabalhar sem medo de represálias. Em última análise, eles são nossa primeira linha de defesa contra ameaças digitais e sua expertise é inestimável.

A interseção entre política, políticos e cibersegurança é um ecossistema dinâmico e em constante evolução e, com o avanço da tecnologia e o aumento das tensões globais, estas questões se tornam cada vez mais complexas. Legisladores, líderes da indústria e a população em geral precisam se engajar em discussões para encontrar maneiras de fortalecer a segurança digital para todos. Apenas com informação poderemos defender políticas públicas responsáveis e que possam ser moldadas por meio da participação da indústria para a manutenção de um ambiente digital mais seguro e resiliente.

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