Interrupção global expõe dependência crítica de sistemas Microsoft

Uma falha em uma atualização de software da empresa de cibersegurança CrowdStrike causou uma interrupção massiva nos sistemas de computador globais, incluindo o Windows, da Microsoft, no final da última semana. A interrupção afetou diversos setores críticos, como aviação, saúde e serviços públicos, com problemas relatados em várias partes do mundo.
O incidente gerou uma onda de escrutínio político, com legisladores dos Estados Unidos pedindo investigações sobre a concentração de poder da Microsoft e os riscos associados à dependência tecnológica em grandes empresas de cibersegurança, segundo o jornal The Washington Post.
Na semana passada, uma atualização defeituosa da CrowdStrike, empresa de cibersegurança, causou falhas generalizadas em sistemas de computadores em todo o mundo, resultando em “telas azuis da morte” e criando caos em empresas e sistemas de saúde.
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“Em 18 de julho, a CrowdStrike, uma empresa independente de segurança cibernética, lançou uma atualização de software que começou a impactar os sistemas de TI globalmente. Embora este não tenha sido um incidente da Microsoft, dado que impacta nosso ecossistema, queremos fornecer uma atualização sobre as etapas que tomamos com a CrowdStrike e outras para remediar e dar suporte aos nossos clientes”, escreveu David Weston, vice-presidente de segurança corporativa e de SO da Microsoft, no blog da empresa.
A interrupção global foi rastreada até essa atualização, que foi distribuída para sistemas Windows, afetando 8,5 milhões de dispositivos, segundo a Microsoft. Especialistas alertam que problemas contínuos podem ocorrer nos próximos dias, destacando a vulnerabilidade de infraestruturas críticas devido a uma única atualização defeituosa.
Na Austrália, a falha causou a inoperância dos sistemas de cartões de crédito, enquanto na Índia, companhias aéreas foram forçadas a emitir bilhetes de avião manuscritos. Nos Estados Unidos, tribunais adiaram audiências, incluindo um caso de crimes sexuais envolvendo o magnata de Hollywood Harvey Weinstein, além interrupções significativas em serviços públicos, como o atendimento de emergência do 911.
Reguladores e legisladores de diferentes espectros políticos expressaram preocupações sobre a concentração de poder em uma única empresa, que impulsiona governos, negócios e infraestruturas críticas globalmente. “Esses incidentes revelam como a concentração pode criar sistemas frágeis”, disse Lina Khan, presidente da Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA, em uma postagem no X, na sexta-feira.
Kate Frischmann, porta-voz da Microsoft, no entanto, reforçou que o impacto das interrupções “foi definido pelo alcance da CrowdStrike; não pelo alcance da Microsoft”. Satya Nadella, CEO da Microsoft, declarou que a empresa está trabalhando em estreita colaboração com a CrowdStrike e com o setor para fornecer orientação técnica e suporte aos clientes, ajudando a reintegrar seus sistemas de forma segura.
Por sua vez, George Kurtz, CEO da CrowdStrike, afirmou que as interrupções não se tratam de um incidente de segurança cibernética e que a empresa está colaborando com todos os clientes afetados para restaurar o funcionamento dos sistemas e garantir que possam continuar oferecendo os serviços necessários.
Embora a Microsoft afirme que o problema tenha afetado menos de 1% dos computadores que rodam Windows, o incidente levou a pedidos para que o governo federal diversifique seus fornecedores de tecnologia, reduzindo a dependência da Microsoft. Diversas agências federais foram diretamente afetadas pela interrupção, incluindo a FTC.
Na sexta-feira, legisladores de três comissões do Congresso estadunidense — Supervisão da Câmara, Segurança Interna da Câmara e Energia e Comércio da Câmara — pediram que a Microsoft e a CrowdStrike fornecessem explicações sobre a causa da interrupção e seu impacto nas agências.
Frischman, da Microsoft, confirmou que a empresa estava atualizando os formuladores de políticas em Washington sobre o incidente na sexta-feira, mas não divulgou quais autoridades estavam sendo contatadas. A Casa Branca informou ao The Post que o Presidente Biden foi notificado sobre o ocorrido e que sua equipe estava em comunicação com a CrowdStrike. A Microsoft também estava em contato com funcionários da Casa Branca na sexta-feira, segundo uma fonte anônima que detalhou as conversas privadas ao jornal.
*Com informações do The Washington Post
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