Interventor, advogado e dirigentes: quem forma a chapa de Samir Xaud, futuro presidente da CBF

A confirmação de que a eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) terá chapa única, com Samir Xaud, presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol (FRF), como novo mandatário, mostra que a entidade passará por uma reformulação em alguns de seus departamentos. Ednaldo Rodrigues, afastado do cargo pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) na última quinta-feira, protocolou na segunda-feira a desistência do pedido para reassumir o comando da CBF. Segundo Ednaldo, a decisão visa “pacificar” o futebol brasileiro, abrindo definitivamente caminho para Xaud, mesmo acreditando que ainda existiam meios legais para retornar ao cargo.
No entanto, além de Samir Xaud, a eleição marcada para o próximo domingo (25), também definirá os oito vice-presidentes da CBF. Alguns já fazem parte da atual estrutura da entidade, como Fernando Sarney, interventor da CBF e vice-presidente na gestão de Ednaldo, e Gustavo Dias Henrique. Outros são novos nomes, como Michelle Ramalho Cardoso, presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF). Ela será a primeira mulher a ocupar esse cargo na história da CBF. Completam a chapa Flavio Zveiter, Ricardo Gluck Paul, José Vanildo, Ednailson Rozenha e Rubens Angelotti.
Fernando Sarney permanece na CBF
Nomeado interventor e ocupando interinamente o cargo de presidente, Fernando José Macieira Sarney foi um dos signatários do acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu como legítima a eleição de Ednaldo. No entanto, Sarney passou a ser mais um a questionar a autenticidade da assinatura do Coronel Nunes no documento. Fernando Sarney tem 70 anos e é filho do ex-presidente da República e do Senado, José Sarney (PMDB). Ele está na CBF desde 1998, tendo ingressado na entidade como diretor de Relações Governamentais. Ganhou destaque por sua habilidade diplomática e, em 2015, assumiu uma cadeira no Conselho da Fifa, indicado por Marco Polo Del Nero, que havia renunciado ao posto. Ele era um dos vice-presidentes na gestão de Ednaldo.
O maranhense já foi alvo da Polícia Federal (PF), que o indiciou por evasão de divisas por ter uma conta na China, depois que ele se recusou responder todas as perguntas durante depoimento em São Paulo. Em outra investigação, a Operação Faktor, anteriormente denominada Operação Boi Barrica, Fernando Sarney foi indiciado por formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, por suspeita de movimentações financeiras sem registro na campanha da irmã, Roseana Sarney, pelo governo do Maranhão, em 2006. Ele negou as acusações.
Em 2009, o Estadão noticiou informações sobre escutas telefônicas da operação. Fernando Sarney, então, pediu no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), que o jornal fosse impedido de publicar as informações. Nove anos depois, em 2018, o então ministro do STF Ricardo Lewandowski negou um recurso do Estadão. Apenas em 2019, o juiz Atalá Correia, da 12ª Vara Cível de Brasília, julgou improcedente o pedido ao negar o mérito da ação.
Gustavo Dias Henrique é o primeiro brasiliense em dez anos na CBF
Gustavo Dias Henrique ocupa o cargo de diretor de Relações Institucionais da CBF e, em março de 2025, foi empossado como um dos vice-presidentes de Ednaldo Rodrigues, após a reeleição do dirigente por unanimidade. Ele é o primeiro brasiliense a integrar o quadro de vice-presidentes da entidade nos últimos dez anos.
Michelle Ramalho será a primeira mulher no cargo
Michelle Ramalho Cardoso é presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF) e será a primeira mulher na história a ocupar esse cargo. Michelle mantém boa relação com Del Nero, ex-presidente da CBF. Aos 47 anos, a paraibana de Campina Grande está à frente da FPF desde 2018, quando venceu uma disputa equilibrada contra o ex-diretor executivo da entidade, Eduardo Araújo.
Flavio Zveitter é advogado e filho de Luiz Zveitter
Flavio Zveiter, de 43 anos, é advogado e professor. Foi presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), órgão máximo da Justiça Desportiva no Brasil, e atuou como vice-presidente de Desenvolvimento e Projetos da CBF por oito meses, entre 2022 e 2023. Em dezembro de 2023, lançou-se candidato à presidência da CBF, mas Ednaldo Rodrigues acabou retomando o cargo em razão de uma liminar do STF.
Flavio é filho de Luiz Zveiter, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), onde exerceu a presidência no biênio 2009-2010. Antes disso, atuou como corregedor-geral da Justiça no período de 2007 a 2009. Ele também presidiu o STJD e integrou a Comissão de Estudos Jurídico-Desportivos do Ministério do Esporte.
Ricardo Gluck Paul é presidente da Federação do Pará
Ricardo Augusto Lobo Gluck Paul é presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF) desde 2022. Ricardo foi mandatário do Paysandu entre 2019 e 2020. No período, foi convidado para integrar o quadro de professores da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
José Vanildo comanda a Federação do Rio Grande do Norte desde 2007
José Vanildo da Silva preside a Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF) desde 2007. Em janeiro de 2021, por unanimidade, os clubes e ligas asseguraram um novo mandato a Vanildo, válido até o fim de 2026. Ele já foi reeleito e permanecerá na presidência até o fim de 2030, o que o deixará no cargo por 23 anos.
Ednailson Rozenha é político e presidente da Federação do Amazonas
Ednailson Leite Rozenha dirige a Federação Amazonense de Futebol (FAF), tendo sido aclamado presidente em meados de 2022 e assumido o cargo em janeiro de 2023, substituindo Dissica Valério Tomaz, que esteve à frente da entidade por 32 anos. Aos 49 anos, Rozenha também cumpre seu primeiro mandato como deputado estadual pelo Amazonas, filiado ao Partido da Mulher Brasileira (PMB).
Rubens Angelotti dirige a Federação Catarinense
Rubens Renato Angelotti comanda a Federação Catarinense de Futebol (FCF) desde 2016, após a morte de Delfim de Pádua Peixoto Filho, uma das vítimas do acidente com o avião da Chapecoense, em 29 de novembro de 2016. Em 2018, Angelotti foi eleito presidente para um mandato até 2023. Em 2022, foi reeleito até 12 de abril de 2027.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Fernando Dias