Juan Guaidó, maior opositor da Venezuela, é expulso da Colômbia após realizar viagem surpresa

O opositor venezuelano Juan Guaidó foi expulso da Colômbia após realizar uma viagem surpresa ao país e entrar de forma irregular, segundo Bogotá. Ele não passou pelo serviço de migração ao entrar a pé na Colômbia. “Estão me expulsando da Colômbia, a perseguição da ditadura – do governo de Nicolás Maduro – lamentavelmente se estendeu hoje à Colômbia”, disse em um vídeo compartilhado no Twitter. Guaidó viajou ao país na madrugada de segunda-feira, 24, horas antes de uma conferência internacional sobre a Venezuela em Bogotá, em que o presidente Gustavo Petro pretende destravar as negociações entre o governo e a oposição da Venezuela, iniciadas na Cidade do México em agosto de 2021, mas que se encontram estagnadas desde novembro do ano passado. Assim que entrou no país ele escreveu: “Acabo de chegar à Colômbia, da mesma forma que milhões de venezuelanos fizeram antes de mim, a pé”. “Espero que a cúpula possa garantir que o regime de Maduro volte à mesa de negociações no México e seja acordado um cronograma confiável para a celebração de eleições livres e justas como solução para o conflito”, acrescentou. Nem o opositor, nem o presidente Maduro foram convidados para o encontro desta terça-feira, 25, com representantes de quase 20 países, incluindo os Estados Unidos. Durante a noite de segunda-feira foi anunciado que Guaidó se preparava para deixar a Colômbia. “Pelas ameaças diretas à minha família e filhas por parte do regime de Maduro (…) estou pegando este voo”, disse Guaidó, que pretende revelar mais detalhes de suas denúncias nas próximas horas.

 

O líder da oposição foi conduzido pelo serviço de migração da Colômbia ao aeroporto El Dorado com o objetivo de verificar sua saída por uma companhia aérea comercial para os Estados Unidos. “A passagem já havia sido adquirida por ele”, explicou o ministério das Relações Exteriores em um comunicado. Guaidó, que foi considerado pelo governo dos Estados Unidos o presidente encarregado da Venezuela entre 2019 e janeiro de 2023, após a questionada reeleição de Maduro em 2018, havia anunciado que solicitaria reuniões com as delegações presentes na conferência internacional.  Ele também convocou uma manifestação para terça-feira na Praça de Bolívar, a 200 metros do Palácio de San Carlos, sede da reunião. “Espero que a conferência possa garantir que o regime de Maduro retorne à mesa de negociações no México e a aprovação de um cronograma confiável para eleições livres e justas como solução para o conflito”, afirmou em um comunicado.

A Colômbia foi a principal aliada de Guaidó na região quando era governada pelo antecessor de Petro, o direitista Iván Duque, que rompeu relações diplomáticas com Maduro. O atual presidente colombiano, de esquerda, reverteu o processo e assumiu um papel de protagonismo no processo de negociação política na Venezuela. Na quinta-feira, 20, passada, ele pediu ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a retirada gradual das sanções que Washington mantém contra Caracas, com o compromisso de que as eleições presidenciais de 2024 sejam organizadas com garantias. Maduro exige, para uma eventual retomada das negociações no México, que o governo dos Estados Unidos libere recursos bloqueados pelas sanções, que seriam entregues às Nações Unidas para o uso em programas sociais, de acordo com o que foi estabelecido na capital mexicana. Guaidó – proibido de deixar a Venezuela desde 2019 – sonha com a candidatura da oposição em um processo de primárias convocado para 22 de novembro e planejava continuar uma viagem por outros países depois da Colômbia. “Apesar do risco que implica sair novamente para buscar apoio do mundo para os venezuelanos (…) não vou deixar de fazer isto”, disse Guaidó, alvo de várias investigações criminais na Venezuela. O cronograma da viagem não foi divulgado.

*Com informações da AFP