Maior ataque hacker do país pode ter promovido desvios de até R$ 2 bilhões

O Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) prendeu João Nazareno Roque, de 48 anos. Ele é um dos suspeitos pelo ataque hacker contra o sistema da empresa de software C&M. A empresa era responsável por conectar sistemas de instituições financeiras e Banco Central em pagamentos em tempo real, do qual o Pix faz parte. Em depoimento, o suspeito contou que foi abordado para cometer o crime num bar.

De acordo com o delegado do Deic, Renan Topan, o homem relatou que depois da abordagem de um dos bandidos no mês de maio recebeu R$ 5 mil para fornecer informações e depois mais R$ 10 mil, para participar da criação de um sistema para permitir os desvios liberando credenciais e senhas para que os hackers atuassem. A comunicação entre ele e os operadores do esquema era somente por celular. Para evitar a identificação da polícia, o operador de T.I trocava de celular a cada 15 dias para não ser rastreado.

Esse já é considerado pela polícia o maior golpe cibernético da história do país e pode ultrapassar o desvio de R$ 2 bilhões. Somente do BMP Investimentos foram desviados cerca de R$ 541 milhões. Os investigadores conseguiram bloquear R$ 270 milhões de uma das contas utilizadas para receber os recursos desviados, como medida de reparação e contenção de danos.

João Roque foi preso em São Paulo na noite de quinta-feira (4). Segundo a 2ª Delegacia da Divisão de Crimes Cibernéticos que coordena as investigações, o suspeito teria facilitado para que pelo menos quatro pessoas realizassem transferências eletrônicas em massa da BMP para outras instituições financeiras. A BMP, empresa que é cliente da C&M, registrou um boletim de ocorrência relatando que havia sido alvo de desvios milionários, e a C&M que reportou às autoridades um ataque às suas infraestruturas.

A polícia agora avança com as investigações para identificar os integrantes da quadrilha. A coluna não conseguiu contato com C&M Software onde trabalhava o operador de T.I. Por isso, o espaço segue aberto para manifestação.