Mais da metade dos profissionais de TI não se sente com saúde mental em dia

Cuidar da saúde mental é uma das grandes preocupações dos trabalhadores contemporâneos – em especial entre aqueles mais jovens. De acordo com uma pesquisa realizada no final de 2021 pela Pfizer em parceria com a Ipec, 50% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos classificam a própria saúde mental como “ruim” ou “muito ruim”.

Os motivos para essa avaliação negativa sobre o bem-estar dos jovens são diversos. Não é surpreendente, no entanto, que a pandemia de Covid-19, que trouxe desafios financeiros e grande impacto pessoal para trabalhadores de todo mundo, seja um dos principais fatores.

Essa realidade, é claro, se reflete também dentro do mercado de tecnologia da informação. Mais da metade (53%) dos profissionais de tecnologia afirma que sua saúde mental “poderia estar melhor”. O dado é do ‘Diagnóstico comportamental dos profissionais de TI’, levantamento realizado pela divisão de estudos da IT Mídia com 445 profissionais de diferentes faixas etárias e níveis de atuação em TI – de estagiários a diretores de TI.

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O resultado é bastante superior aos 39% dos participantes que dizem estar em “harmonia de espírito“. Mais preocupante ainda é o fato de 6% dos respondentes afirmarem que já estão em processo de ‘burnout’ – síndrome de esgotamento associada ao estado de tensão emocional e estresse provocados pelo trabalho. A maior parte dos que apontaram burnout são jovens de até 25 anos, negros e mulheres, também revela o estudo.

“Isso é uma consequência da pandemia”, analisou Pedro Hagge, gerente de estudos da IT Mídia. “Quando a gente olha para os profissionais de TI, além de toda a carga emocional que afetou todo o restante sociedade, houve também uma carga adicional no volume de trabalho. Muitas empresas tiveram que acelerar o processo de transformação digital a toque de caixa. Os profissionais de TI sofreram com esse adicional de demanda.”

Por fim, apenas apenas 2% dos respondentes do estudo apontaram que a questão da saúde mental “não é importante”.

Jovens têm menor satisfação

Além de analisar os níveis de saúde mental dos trabalhadores da tecnologia, o estudo também avaliou como está a satisfação destes profissionais com seus empregos atuais. Os jovens são, novamente, aqueles em posição mais delicada: profissionais com menos de 25 anos são o grupo com o menor percentual (31%) de respondentes dentro da categoria de “feliz e engajado” com sua posição atual. Quase metade (46%) deles também dizem “estar avaliando novas oportunidades“.

Na ponta oposta, profissionais com mais de 40 anos são aqueles que apontam um maior engajamento em seus empregos. Mais da metade dos profissionais nessa faixa etária se diz “feliz e engajado” com suas posições.

Isso também é realidade quanto à função hierárquica dos entrevistados. Quanto maior a experiência e função hierárquica, maior a satisfação e engajamento nos cargos: 51% diretores e gerentes reportam satisfação com suas posições; enquanto apenas 25% dos estagiários aprendizes se dizem satisfeitos.

Entre os três fatores imprescindíveis para motivação na empresa, os entrevistados apontaram em resposta de múltiplas opções: bom ambiente de trabalho (73%), reconhecimento (60%) e autonomia para propor novas coisas (58%).

Já entre os principais motivadores para a troca de empregos estão plano de carreira incerto (43%) e a falta de expectativa de crescimento a curto prazo (43%). Isso especialmente entre os jovens com menos de 25 anos. Desses, 22% acham que já aprenderam o suficiente e aspiram uma promoção imediata. Eles também apontam a falta de diversidade no ambiente de trabalho como um fator desmotivador (38%).