Mais um dia trágico na Alemanha

Os últimos 10 anos representaram uma mudança muito radical na vida e na segurança europeias. Após a crise dos refugiados de 2015, milhões de pessoas advindas de nações do Oriente Médio e da África chegaram a um continente diametralmente oposto de suas respectivas culturas. O choque civilizatório se deu em diversas frentes, mas a moral guiada pelos direitos humanos, fez com que os governos da Europa, abrissem as portas sem um detalhamento de critérios. Ao mesmo tempo que, de fato, milhares de refugiados de guerra, crianças órfãs e mulheres violentadas conseguiram asilo na Europa, outros milhares sem o mesmo direito, se aproveitaram de um sistema desatualizado para imigrar ilegalmente. Nesta década não só a imigração ilegal cobrou seu preço econômico, mas a chegada de fundamentalistas promoveu cenas de completo terror.
A Alemanha começou a viver parte desta tragédia em 2016, quando um tunisiano, ilegalmente no país e ligado ao Estado Islâmico, atropelou dezenas de pessoas em um mercado de Natal em Berlim, deixando 13 pessoas mortas. Desde então foram outras dezenas de ataques semelhantes na Europa utilizando as mais diversas ferramentas. Hoje, a pacífica e histórica cidade de Munique, amanheceu mais cinzenta que de costume para um dia de fevereiro. Pessoas que participavam de um protesto pequeno e tranquilo demandando melhores condições de trabalho foram cruelmente atropeladas. São 30 feridos até o momento, incluindo crianças e duas pessoas em estado crítico. O criminoso foi um afegão de 24 anos, que chegou na Alemanha em 2016 pedindo asilo político e teve o requerimento negado pelo estado. Ao invés de ser deportado por não estar legalmente no país, lá permaneceu e teve inclusive passagens pela polícia por tráfico de drogas e roubo. Mesmo tendo sido levado pelas autoridades policiais após o atentado, a população alemã sente-se traída pelos seus próprios governantes, atentado após atentado.
Por enquanto nenhum grupo terrorista islâmico reivindicou a autoria do ataque, mas a polícia trabalha com a tese de se tratar de um crime com motivações jihadistas. Os episódios fatais e violentos que ocorrem por toda a Europa recentemente, desproporcionalmente cometidos por cidadãos de países de cultura maometana, revela o quão falha é a atual política migratória do maior bloco político-econômico do mundo. A impossibilidade de uma assimilação bem-sucedida encontra-se tanto nas políticas muitas vezes ineficazes dos países anfitriões, como também na falta de vontade dos recém-chegados a viver, e sobretudo, respeitar a cultura das nações onde vivem. Os dados do Ministério do Interior da Alemanha revelam que mais de 34% de todas as violações são cometidas por estrangeiros, número muito acima dos 18% de não alemães que vivem no país. No recorte demográfico para crimes violentos contra a vida e crimes de ordem sexual, estrangeiros ultrapassam os 41%.
Todas essas recentes tragédias de Aschaffenburg à Munique, mostram que mudanças drásticas nas políticas migratórias devem acontecer rapidamente, algo que os candidatos na dianteira das pesquisas já prometeram fazer. Em primeiro lugar das últimas sondagens, o líder conservador, Friedrich Merz, disse que pretende fechar completamente as fronteiras para novos requerentes de asilo na Alemanha, além de reavaliar e acelerar a forma como a concessão de asilo funciona atualmente. A líder do partido de extrema-direita, AfD, Alice Weidel, diz ainda de forma mais categórica que a imigração islâmica para a Europa representa um grande perigo para o continente e que pretende reformar completamente o sistema migratório do país, caso eleita. Partindo para os partidos no campo da esquerda, a proposta também é entoada pelo BSW de Sahra Wagenknecht, argumentando que a prioridade deve ser ajudar a classe pobre alemã antes de receber refugiados de nações não compatíveis com a cultura europeia. Somando-se as intenções de voto das pesquisas mais recentes de todos os partidos que querem restringir a imigração, ultrapassamos a marca dos 65%, mostrando claramente que a maior parte da população da Alemanha quer mudanças.
As eleições legislativas marcadas para o próximo dia 23 de fevereiro, terão a economia e a imigração como os dois temas centrais. Inevitavelmente, o governo enfadonho de Olaf Scholz, também foi responsável pela piora recente dos índices econômicos e continua a ser responsabilizado pela população por sua letargia em resolver a crise migratória. Tudo indica que o próximo governo alemão será de direita e que a imigração será muito mais severa do que foi mostrado pelas últimas duas administrações. Contudo, enquanto não forem resolvidos os problemas já existentes dentro das fronteiras alemãs trazidos desde 2015, novas tragédias como as de hoje poderão continuar a acontecer.