Mamãe é bipolar: como o meu filho lidou quando tirei meu transtorno do armário

Quando meu filho começou a ouvir falar do lançamento do meu livro, me pediu para convidar seus professores. Só que tem um detalhe. Meu livro não é apenas uma obra literária. Seu título é “Bipolar, sim. Louca, Só Quando Eu Quero”. Através dele, estou saindo do armário e contando pra todo mundo da minha questão mental. Olha como são as coisas. Estou emanando bipolaridade por aí e travei quando imaginei o professor de geografia descobrindo que a mãe do Totonho é bipolar. Dei uma desculpa e não deixei, mas mandei o convite para o grupo de pais dos alunos do 6ºB. Por sinal, fui muito bem recebida. Algumas crianças que ficaram sabendo pelos pais disseram para o Antônio que iam ao lançamento. Então, ele veio com uma pergunta mais difícil: “Mãe, posso mandar o convite para o grupo dos colegas da minha sala?”. Minha vista escureceu. Já imaginei aquelas crianças perguntando: “Pai, o que é Rivotril?”.

Disse a ele que não tinha nada a ver. Nada a ver era a minha atitude. Apesar de estar dando entrevistas toda trabalhada no transtorno bipolar, eu não estava preparada para lidar com o assunto dentro da minha própria casa. Na véspera do lançamento, me dei conta, emocionada, que o meu filho estava cheio de orgulho. E muito maior do que a minha coragem era a dele de querer compartilhar com todo mundo a história de sua mãe. Depois disso, mandei o convite online para seu WhatsApp e disse: “Chama a galera”. Dei a ele uma quantidade exagerada de convites impressos e ainda falei: “Não esquece da tia da cantina”.