Matera Insights prepara clientes para nova era do crédito

“A análise de crédito tradicional está obsoleta.” Com essa premissa, Ricardo Ferreira, diretor de Operações da unidade de negócios Matera Insights, estruturou todas as soluções da Cinnecta, empresa de tecnologia voltada ao mercado financeiro, adquirida pela Matera há pouco mais de um ano. Apesar da mudança de marca, o propósito permaneceu o mesmo: extrair inteligência e gerar valor a partir de grandes volumes de dados.
Se antes a inteligência aplicada pela Cinnecta atendia a negócios em geral, hoje ela está voltada especialmente para a análise de dados que tornam a concessão de crédito mais precisa para os bancos, conceito que Ricardo Ferreira chama de Crédito 3.0. Essa nova era dos empréstimos ganhou força durante a pandemia, período em que o mercado financeiro viveu um boom dos serviços digitais e um aumento significativo na inclusão de pessoas no sistema formal.
Além da demanda crescente e da facilidade de acesso proporcionada pelos bancos digitais, tanto o executivo quanto o Relatório de Economia Bancária (REB) 2024, do Banco Central, destacam um marco importante nesse processo: o lançamento do PIX.
Segundo o relatório, em pouco mais de cinco anos, o número de usuários ativos no Sistema Financeiro Nacional (SFN) e no Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) mais que dobro, crescimento de 103,2%. Só entre os clientes pessoas físicas, o salto foi de 77,2 milhões, em 2018, para 152 milhões em 2023.
Com essa entrada massiva de novos usuários no sistema, as instituições financeiras passaram a enfrentar um desafio: os dados históricos de transações bancárias deixaram de ser suficientes para avaliar o risco de crédito com precisão.
“Já no início da pandemia, percebemos que os modelos que funcionavam bem até então, passaram a ter um desempenho ruim porque não representavam mais, de maneira fidedigna, os riscos de crédito. E as pessoas submetidas a essas regras de análise tradicional começaram a ser penalizadas”, analisa.
A saída do mercado, para a felicidade do executivo, foi se voltar para os chamados dados alternativos. Nesta nova etapa, olhar para o perfil e o comportamento dos clientes deixou de ser opcional e a personalização chegou também à análise de crédito, tornando a tecnologia fundamental neste processo.
Leia mais: Com foco em nuvem, Stefanini adquire Escala 24×7 e amplia receita global
Avaliação personalizada
Para realizar esta avaliação personalizada, a Matera desenvolveu modelagens que combinam o histórico de pagamento dos clientes com dados sobre seu estilo de vida, de consumo de serviços e renda. A tecnologia, embarcada com inteligência artificial (IA), sugere uma nova faixa de risco de crédito a partir da hiper segmentações – grupos muito pequenos de pessoas com características homogêneas.
“Vamos muito além das personas. Determinar a idade e o local onde a pessoa mora é importante, mas agora estamos falando de grupos de cem a 200 pessoas. Do que elas mais gostam de comprar, quais os comportamentos em relação ao crédito. A hiper segmentação, permite essa comparação entre iguais”, explica o diretor.
O novo padrão de avaliação se faz ainda mais necessário em um país como o Brasil, de proporções continentais e uma população tão heterogênea, mas também torna o desafio ainda maior.
Todos esses dados geram os insumos necessários para os modelos de propensão de risco, mas Ferreira quis ir além, desenvolvendo uma tecnologia que permitisse chegar a motivação do cliente para a adoção do empréstimo. “Costumo falar que ninguém acorda e pensa ‘Ah, estou com vontade de tomar um crédito pessoal hoje.’, mas nós acordamos e falamos ‘Poxa, hoje eu queria contratar aquela viagem.’”
Fidelização
Segundo o Ferreira, a solução auxilia não só nas tomadas de decisão dos bancos, mas também a incentivar o princípio da principalidade. Ao oferecer o que o cliente precisa e entender suas motivações, a fidelidade dele ao banco cresce.
Para tornar possível todos esses insights, é necessário rodar cerca de 19 TB por mês, todos hospedados em nuvem e com o mesmo nível de governança que um banco tem. Garantindo a sensibilidade dos dados, a plataforma opera de forma anônima, identificando os clientes por meio de códigos.
A integração com a plataforma da Matera permitiu também que a empresa realizasse, via sistema, a conexão e a integração com seus clientes pelos próprios back-ends e passasse a viabilizar um novo conceito – de conta inteligente. A partir de agora, com as informações sobre motivação e a ajuda da IA, será possível sugerir investimentos e movimentações financeiras de forma mais natural.
O executivo conta empolgado sobre as novidades, mas ressalta que ainda vivemos um momento de transição para o Crédito 3.0. “É preciso lembrar que as empresas se movem em velocidades diferentes. Quem entrou nesse mercado nos últimos quatro ou cinco anos já nasceu com uma inclinação natural a utilizar mecanismos mais robustos e eficientes de análise de crédito. Agora, nós temos instituições que estão oferecendo crédito há décadas. Essas, naturalmente, têm uma curva de adoção mais difícil.”
Mais difícil ou mais fácil, uma coisa é certa: os consumidores desejam mais personalização e, cada vez mais, que ela aconteça nos meios digitais. Em seu último estudo sobre a jornada de crédito do cliente, a Matera apontou que 53% dos consumidores contrataram cartões de crédito pelo aplicativo da instituição e apenas 24% optaram por atendimento presencial nas agências. Além disso, 30% dos clientes acreditam que a possibilidade de resolver dúvidas rapidamente com atendentes digitais ou chat traria melhorias.
“Estamos vivendo a história e escrevendo ela realmente. O Crédito 3.0 já está aí, é uma demanda do cliente final, então o nosso trabalho é tornar isso possível”, finaliza.
Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!