Fundadores podem ser os melhores CEOs para sua própria empresa

A discussão em torno do questionamento de que os fundadores seriam os melhores CEOs pode ser pautada em timing. Ao menos essa é a opinião de Robson Privado, cofundador e CGO na MadeiraMadeira, em um painel no Web Summit Rio.

“No começo da empresa, o empreendedor é o que tem o sonho de dar certo, é o que quer vender e sabe que tem que entregar resultados. Então, nos primeiros anos de empresa, buscando, por exemplo, investimentos, é muito difícil o CEO não ser o fundador. Eu tenho 100% de certeza de que, nesta primeira fase da empresa, precisamos realmente tirar a empresa do rascunho e começar a escalar para construir uma cultura. Os fundadores serão CEOs incríveis e, mais tarde, em um nível mais maduro, a discussão sobre quem será o CEO pode mudar”, afirma ele.

Edith Harbaugh, cofundadora e executive chair no LaunchDarkly, conta que quando a empresa começou, em 2014, ela era a CEO e seu sócio CTO. E brinca: quando a empresa tem duas pessoas, CEO significa Diretor de Tudo. “Eu fiz vendas e marketing, evangelismo e quando conseguimos arrecadar mais dinheiro, conseguir clientes e aumentar o número de colaboradores, realmente me senti CEO. Eu acho que o papel do CEO muda toda vez que você dobra a empresa em termos de expectativas. Mas acho que o fundador é aquele que tem a paixão e o desejo de fazer isso acontecer. Você não pode começar do nada e conseguir um CEO que lidere uma empresa de 1.000 pessoas, porque uma empresa de 1.000 pessoas é muito diferente de uma empresa de 100 pessoas.”

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“Simplesmente não há como ter alguém liderando a empresa que não seja o fundador. Nem mesmo seus pais”, é enfático Thibauld Lecuyer, CEO da Loggi. Para ele, quando você abre uma empresa, só você sabe o que ela é, pois é apenas uma ideia, um pedaço de papel e, às vezes, um investidor. “O fundador é o melhor CEO que você conhece. Para criar a empresa, a pessoa precisa ter o ‘fogo’, e é ela que vai viver 24/7 a empresa.”

O desejo do empreendedor é construir uma empresa que possa ter sucesso a longo prazo. E, se esse é o objetivo principal, diz Robson, significa que é preciso criar valor para a companhia e para todas as partes interessadas: acionistas, fundadores, investidores, clientes e comunidade. Mas, assim que a startup começa a crescer, são necessárias as habilidades de gerenciamento que são complexas.

“Geralmente, também será necessária ajuda externa. Talvez você precise de algum coach, porque esse trabalho é único e muito difícil. É doloroso, não é uma coisa fácil, assim como não é trabalhar para algumas organizações”, aconselha Robson.

Esses ensinamentos acontecem conforme a empresa cresce. Edith exemplifica dizendo que começou sozinha vendendo e, então, começou a contratar mais vendedores e transferir esse conhecimento. “Você deixa de fazer todo o marketing para contratar um departamento de marketing e isso é muito divertido. Para eu liderar pessoas, o que me ajudou foi o fato de eu ter liderado divisões de produtos de outras empresas, então eu tinha visto aquela jornada.”

Nos momentos difíceis, afirma Thibaud, é importante ter transparência com a equipe. “Se você já está enfrentando adversidades todos os dias, precisa ter um local de trabalho transparente e honesto e uma comunicação com sua equipe. E barreiras físicas podem ser uma barreira. Se você está em outro andar, em um canto isolado, imagine o potencial medo que a pessoa tem de falar com você. Se você tem um assistente, eles precisam passar pelo filtro do assistente. Então, basicamente você está filtrando as informações.”

Ao serem questionados sobre conselhos que dariam para outros fundadores, Robson frisa a importância de estar ciente de que todo mundo tem uma fraqueza e isso não é um problema “Acho que às vezes, especialmente nos primeiros dias da empresa, você tende a ser o fundador  super-herói. É importante ser positivo pra mostrar que é possível resolver até aquele problema que você não sabe resolver. Mas, por outro lado, é muito importante estar ciente disso. É buscar ajuda, ajuda externa, porque às vezes você não consegue falar com a sua equipe, porque eles não podem você saber.”

Edith complementa ao falar sobre a importância de cercar-se de fundadores que estão no mesmo estágio, além de revisitar esses estágios e os anteriores para se certificar-se de que todos estão passando pelas mesmas coisas.

“Tem muitos problemas que você está enfrentando que outras pessoas que você conhece, enfrentaram antes e te darão a receita do bolo. Eles vão ajudá-lo a entender e resolver muito mais rapidamente o problema que você pode enfrentar com os dados que você tem. Acredite em si mesmo e não seja tímido, procure ajuda e procure conselhos”, finaliza Thibauld.

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