Mercado de trabalho em TI sofre com disparidade entre regiões brasileiras

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Muito embora as vagas de trabalho disponíveis no setor de TI tenham aumentado 79,6% entre janeiro e outubro de 2023, segundo o Banco Nacional de Empregos (BNE) e em comparação com o mesmo período do ano anterior, a maioria se concentra na região Sudeste do País. É nele que estão 62% de todas as oportunidades, com 44% somente em São Paulo.

Os números são tão discrepantes que, somadas, as vagas do Distrito Federal, da Bahia, de Pernambuco e do Ceará são apenas 11% do total. O número faz parte do Panorama de Talentos em Tecnologia do Google for Startups.

Norte e Nordeste também têm altas taxa de desocupação (7,7% e 10,4% no quarto trimestre de 2023, respectivamente), com o Amapá com o maior porcentual (14,2%). No entanto, em 2023, a taxa média de desemprego no Brasil foi de 7,8%, menor desde 2014.

“Na área de tecnologia, o principal fator que leva a esse fenômeno é o fato de que essas regiões têm menos empresas do setor, então elas não conseguem absorver toda a demanda”, pondera Ana Letícia Lucca, CRO da Escola da Nuvem, organização sem fins lucrativos que capacita pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica para carreiras em computação em nuvem.

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Segundo a especialista, a qualidade da educação de tecnologia também variar entre as regiões do País. “Quando a gente olha para o Norte e Nordeste, ainda não temos uma qualificação [que consiga abarcar a necessidade da área]. Nesse ponto, acredito que a falta de investimento em infraestrutura, tecnologia e comunicação possa dificultar o desenvolvimento e a expansão de empresas de TI nesses locais”, diz.

Segundo ela, a falta de vagas em TI nessas regiões contribui para a perpetuação da desigualdade social e de renda, pois limita o acesso ao emprego e o desenvolvimento econômico. E isso leva a uma migração de talentos qualificados da região Norte e Nordeste para outras com mais oportunidades.

Trabalho presencial e exclusão

Ana Letícia diz que, durante a pandemia e com o trabalho remoto, a região de residência dos candidatos não era tão decisiva para a colocação e recolocação dos profissionais, mesmo entre os egressos da Escola da Nuvem. E que agora, com a preferência por modelos de trabalho presenciais, o cenário pode piorar.

De acordo com um estudo da Catho, 61% das empresas entrevistadas têm intenção de voltar ao trabalho presencial ao longo de 2024. Ana defende que, na área de tecnologia, os modelos de trabalho remotos se estenderam por mais tempo.

Para Ana, a promoção mais equitativa de empregos em tecnologia depende de medidas adotadas por empresas, órgãos governamentais e a sociedade em geral, como o investimento em educação e a expansão da infraestrutura de tecnologia no País. Ela diz que, mais do que oferecer as vagas, as organizações também devem estar preparadas para receber os profissionais.

“É necessário que o processo de contratação seja acessível e inclusivo para todos os candidatos, além de considerar os contextos sociais e econômicos de onde essas pessoas vêm”, defende ela. “Ao trabalhar em conjunto, podemos desempenhar um papel significativo na promoção de uma distribuição justa de emprego em tecnologia, contribuindo para reduzir as disparidades regionais e promover o desenvolvimento econômico inclusivo”, finaliza.

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