Meta pede ao governo bloqueio da transição da OpenAI para modelo lucrativo

Em conferência da Meta 2019, seu CEO, Mark Zuckerberg, anunciava que “o futuro é privado” - Foto: Anthony Quintano/Creative Commons

A Meta está pedindo ao procurador-geral da Califórnia, nos Estados Unidos, Rob Bonta, que bloqueie a tentativa da OpenAI de abandonar seu status de organização sem fins lucrativos para se tornar uma empresa lucrativa. Em uma carta enviada nesta semana, a Meta argumenta que a OpenAI está explorando recursos adquiridos sob o pretexto de caridade para obter ganhos privados “potencialmente enormes”.

“OpenAI não deve ser autorizada a desrespeitar a lei, reaproveitando ativos construídos como uma instituição de caridade para gerar lucros privados”, diz o documento publicado pelo The Verge.

Leia também: Trabalho híbrido: 75% dos CEOs indicam aumento de produtividade 

Um chamado para revisão governamental

Na carta, a Meta solicita que o procurador revise a transação proposta pela OpenAI, incluindo a transferência de ativos da entidade sem fins lucrativos para outros fins. A empresa acredita que permitir essa reestruturação criará um precedente perigoso, incentivando startups a se registrarem como entidades sem fins lucrativos para obter benefícios fiscais e atrair investidores, apenas para migrar para um modelo lucrativo quando conveniente.

Além disso, a Meta destaca que a OpenAI se comprometeu publicamente, ao ser fundada em 2015, a operar como uma organização de caridade dedicada ao desenvolvimento de inteligência artificial para o bem público.

“A propriedade desta corporação está irrevogavelmente dedicada a esses propósitos […] Nenhuma parte da renda ou ativos líquidos desta corporação deve beneficiar qualquer pessoa privada”, cita a carta, referindo-se ao estatuto original da OpenAI.

Impactos na economia do Vale do Silício

A Meta alerta que, se a reestruturação for permitida, outras startups poderiam adotar a mesma abordagem, distorcendo o mercado e forçando concorrentes a seguir o mesmo caminho para atrair investidores. Isso poderia resultar em benefícios fiscais indevidos para empresas que pretendem operar como entidades lucrativas.

“Esse modelo distorceria o mercado, essencialmente obrigando qualquer startup a adotar o mesmo manual para permanecer competitiva”, afirma a Meta.

A carta também questiona práticas anteriores da OpenAI, sugerindo que pode ter havido um esgotamento inadequado de ativos da entidade sem fins lucrativos, com a redistribuição para terceiros.

Apoio inusitado de Elon Musk

Embora surpreendente, a Meta menciona que Elon Musk — um rival declarado de Mark Zuckerberg — está bem-posicionado para representar os interesses públicos contra a OpenAI. Musk, que foi um dos fundadores da OpenAI, apresentou um processo alegando que a organização desviou de sua missão original. A Meta afirma que Musk e Shivon Zilis entendem melhor que ninguém o objetivo inicial da OpenAI e podem fornecer insights cruciais para o caso.

Compromisso com a transparência no campo da IA

A Meta enfatiza que está comprometida com a transparência e a abertura no campo da inteligência artificial. A empresa reforça a importância da promessa inicial da OpenAI de desenvolver IA segura e benéfica sem pressões comerciais e afirma que tal compromisso deve ser mantido.

“A promessa de caridade da OpenAI para desenvolver uma IA segura e amplamente benéfica é importante e deve ser cumprida”, conclui a carta.

A decisão final do procurador-geral da Califórnia terá implicações significativas, tanto para o futuro da OpenAI quanto para o ecossistema de tecnologia e startups do Vale do Silício.

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!