Moody’s alerta para risco de bolha em data centers de IA
A agência Moody’s divulgou hoje, 5, um relatório setorial que aponta riscos crescentes na expansão de data centers voltados à inteligência artificial (IA). Segundo o estudo, a crescente magnitude de projetos para hiperescala pode resultar em excesso de construção e desafios financeiros e tecnológicos de longo prazo.
Os chamados campus de data centers de IA estão no centro dessa transformação. Estruturas com capacidade energética entre um e cinco gigawatts (GW) estão sendo erguidas em locais estratégicos, muitas vezes remotos, com o objetivo de suportar o treinamento de modelos sofisticados de IA. Exemplos incluem o projeto Wonder Valley (5,6 GW, no Canadá) e um campus de 2 GW da Meta na Louisiana (EUA). A joint-venture Stargate AI, formada por OpenAI, SoftBank, Oracle e MGX, também se insere nesse cenário.
A Moody’s alerta que o fornecimento da potência de computação necessária para aplicações de IA generativa exige investimentos muito superiores aos observados em ondas tecnológicas anteriores, como o 5G e o blockchain. A densidade dos racks nos novos data centers de IA já supera os 200 kW por rack, muito mais que o padrão médio de mercado atual, que gira em torno de 12 kW.
Além dos custos elevados com energia e resfriamento, os riscos financeiros também envolvem a possibilidade de obsolescência dos ativos. Muitos desses projetos são construídos sob medida para um único locatário, com contratos de 10 a 15 anos, o que aumenta a dependência de uma renovação futura em um cenário possivelmente mais caro, já sem incentivos fiscais.
O relatório também aponta o impacto das tensões comerciais e das tarifas sobre componentes tecnológicos. A construção de servidores de IA depende de cadeias de suprimento internacionais, frequentemente sujeitas a variações tarifárias e entraves logísticos. Isso pode atrasar projetos em andamento e encarecer o custo total da infraestrutura.
Com base na previsão da Moody’s, a taxa de crescimento do consumo energético de data centers pode variar após 2028 entre três cenários: 5%, 10% ou 20% ao ano, dependendo da capacidade de expansão da infraestrutura elétrica. A maior parte da nova geração de energia no mundo deverá vir de usinas a gás natural.
Embora a demanda por serviços de IA continue em alta, o relatório destaca que parte dos projetos já começa a ser racionalizada. Hiperescalers têm ajustado planos para reduzir exposição a riscos futuros, desacelerando investimentos em áreas com dificuldade de acesso a energia ou alta complexidade logística.
A Moody’s conclui que, apesar do otimismo com a expansão da IA, o setor de data centers deve avançar com cautela para equilibrar inovação, viabilidade econômica e sustentabilidade operacional.
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