Morte de Senna, alta velocidade e pista desafiadora: Ímola fica entre o luto e o encanto na F-1

A Fórmula 1 realiza neste final de semana a sétima etapa da temporada no marcante Circuito de Ímola, na Itália. Atual Grande Prêmio da Emilia-Romagna, já chamado de GP de San Marino, palco de grandes momentos e de uma das maiores tragédias da modalidade, continua sendo uma das corridas mais emblemáticas da categoria. A morte de Ayrton Senna em 1º de maio de 1994, 31 anos atrás, na curva Tamburello, marcou para sempre a história do automobilismo, transformando o Autódromo Enzo e Dino Ferrari em um símbolo de luto e memória. Um dia antes da morte de Senna, no sábado, o piloto austríaco Roland Ratzenberger também morreu após um acidente na pista, quando a asa dianteira de seu carro se rompeu na curva Villeneuve. Ele se chocou contra o muro a mais de 300 km/h.
A morte foi confirmada no mesmo dia. Apesar desse peso histórico, Ímola encanta fãs e pilotos com seu traçado técnico e suas curvas de alta velocidade, que continuam fazendo da pista um teste de habilidade, mesmo após as mudanças implementadas para aumentar a segurança do local. Desde seu retorno ao calendário em 2020, o circuito alterna entre a reverência ao passado e a empolgação com o presente. A cada edição, homenagens a Senna se repetem, reafirmando o vínculo emocional da Fórmula 1 com Ímola, um lugar onde velocidade e emoção caminham lado a lado com a memória e o respeito.
Reformas, saída do calendário e retorno do circuito
Após as tragédias com Senna e Ratzenberger, o Circuito de Ímola passou por uma transformação voltada à segurança. As curvas Tamburello e Villeneuve, locais dos acidentes fatais, foram reformuladas com redução de velocidade, novas áreas de escape e barreiras de proteção. A partir de 1995, a pista recebeu diversas melhorias estruturais e passou por intensas inspeções de segurança da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Outras mudanças também motivaram avanços técnicos na Fórmula 1, como o reforço dos cockpits, e a criação dos dispositivos HANS e halo, sistemas de proteção para a cabeça e pescoço dos pilotos.
No entanto, apesar dos investimentos e melhorias em Ímola, o circuito deixou o calendário da Fórmula 1 após 2006, quando venceu o seu contrato com a categoria. Seu retorno ocorreu apenas em 2020, durante a pandemia de covid-19, já modernizado e sob o nome de GP de Emilia-Romagna, aposentando o nome GP de San Marino, como foi conhecido de 1981 a 2006. A retomada foi aguardada por muitos amantes da velocidade e considerada bem-sucedida pela categoria, garantindo presença constante nos anos seguintes, com exceção de 2023, quando a etapa foi cancelada por causa de enchentes.
Memorial de Senna foi vandalizado
Em dezembro de 2024, o memorial de Ayrton Senna em Ímola foi alvo de vandalismo em duas ocasiões, nos dias 19 e 25. O local, que é constantemente visitado por pessoas do mundo todo, teve bandeiras e objetos deixados por fãs queimados e destruídos, embora a estátua do piloto não tenha sido danificada durante os ataques. A prefeitura local condenou os atos. Em abril de 2025, a estátua foi restaurada pelos artistas Alessandro Rasponi e Mauro Bandini em preparação para o tributo ao trigésimo primeiro aniversário da morte de Senna, em 1º de maio de 1994.
Pista de Imola é uma das mais rápidas
A pista de Ímola é considerada uma das mais rápidas da atualidade. Com base na velocidade média da última volta da pole position em tempo seco nos 24 circuitos atuais do calendário da Fórmula 1, a pista ocupa a nona posição, com uma média de 236,433 km/h. O dono da volta mais rápida é o britânico Lewis Hamilton, com o tempo de 1min15s484, registrado em 2020, quando ainda defendia a Mercedes. A curva 1 de Ímola, Tamburello, é a mais rápida do Grande Prêmio, com 285 km/h. Foi justamente nessa curva que Ayrton Senna sofreu o acidente fatal.
Bortoleto e outros têm circuito como um dos favoritos
Em entrevista exclusiva ao Estadão no início do ano, o piloto Gabriel Bortoleto, único brasileiro da categoria, revelou que a pista de Ímola é sua favorita. O novato da equipe Sauber foi campeão da Fórmula 3 e da Fórmula 2, e já competiu no circuito em outras categorias. Em 2020, diversos pilotos aprovaram o retorno de Ímola ao calendário da F-1, entre eles Max Verstappen e Fernando Alonso. Verstappen venceu as corridas de 2021, 2022 e 2024. Hamilton também triunfou, em 2020, na primeira corrida após o retorno, e elogiou o traçado da pista.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Fernando Dias