Mulheres lutam para conquistar espaço em meio à desigualdade de gênero na política

Nesta quarta-feira, 1, deputados estaduais tomam posse na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) em meio a debates sobre desigualdade de gênero na política na política nacional. Com 85.517 votos, a deputada Marina Helou (Rede) foi reeleita nas eleições de 2022 e fará parte da Alesp pelos próximos quatro anos. Em entrevista à Jovem Pan News, ela falou como é conquistar pela segunda vez uma vaga em um espaço ainda predominantemente masculino e disse que seu maior objetivo hoje é propagar a ideia de que a política é sim um lugar para as mulheres: “Durante mais de um século as mulheres não podiam nem votar, só os homens podiam votar. Quanto mais, serem candidatas (…) Uma das coisas que mais me traz satisfação na política é falar com meninas jovens que hoje se veem na política como uma oportunidade, uma possibilidade, um lugar para contribuir para o país e para conversar com meninas de periferia”.

“Mostrar que, quando a gente tem mais mulheres em espaços de poder, as meninas voltam a sonhar, sonham mais alto e se veem como competentes e possíveis para ocupar esses espaços”, declarou a parlamentar. A deputada estadual faz parte de uma estatística que vem crescendo de forma gradativa. Os números mostram um aumento de parlamentares mulheres eleitas na última eleição, em comparação com 2018. Entretanto, houve uma queda no número de senadoras escolhidas, onde só 10 foram eleitas. Na Câmara dos Deputados, houve um aumento de 77 para 91 mulheres. Uma pesquisa da Organização Global dos Paramentos Nacionais realizada em 178 países, constatou que a média mundial da participação feminina nos parlamentos é de 26,4%. No Brasil, apenas 17,7% dos 513 deputados federais são mulheres.

Entre os motivos apontados pela pesquisa, que contribuem para que o Brasil puxe para baixo a média das américas de participação feminina nos parlamentos, estão a resistência dos partidos políticos em investir em candidaturas de mulheres, as fraudes reiteradas às cotas de gênero existentes na legislação e a violência e assédio político direcionado às mulheres que se candidatam. Para a analista política, Carolina Curimbaba, houve avanços em relação a outros anos e a população está mais disposta a falar sobre política, mas é importante lembrar que esse movimento ainda é lento e gradual: “É um espaço que a gente tem que conquistar ainda. Várias iniciativas são feitas para estimular a entrada das mulheres na política, mas ainda, segundo um estudo que saiu ano passado, nós estamos na posição 142 de países no mundo com inclusão de mulheres. Ainda falta um caminho bem longo para a gente conseguir alcançar uma certa paridade”.

Na visão da especialista, a resistência dos partidos com a presença feminina é cultural, mas já existe um movimento no sentido contrário para se investir em candidatas competitivas: “Têm sim barreiras dentro dos partidos. As lideranças partidárias ainda têm suas barreiras para serem quebradas e conquistas. A gente sabe disso em qualquer lugar, no setor privado é a mesma coisa. Mas quando há uma possibilidade de uma mulher competitiva, eles investem especialmente por conta das cotas. Os partidos hoje precisam direcionar 30% das cotas para mulheres e também dos recursos para as campanhas”.

*Com informações da repórter Soraya Lauand