Mulheres na liderança se questionam mais que homens

Uma nova pesquisa realizada pela Robert Half buscou avaliar alguns mitos sobre liderança e gênero no mercado corporativo. Entre os achados está o fato de que mesmo que elas tenham as competências exigidas, mulheres na liderança se questionam mais do que os homens.

De acordo com o levantamento, ainda que os profissionais de ambos os gêneros se percebam similarmente equipados em termos de competências para liderar e apresentem níveis semelhantes de preocupações, a ausência percebida de habilidades faz as mulheres questionarem mais suas chances de sucesso como líderes quando comparadas aos homens.

A percepção de uma lacuna de competências de liderança aumenta desproporcionalmente as preocupações que as mulheres nutrem sobre falhar ou não estarem aptas a desempenhar cargos mais altos na hierarquia. Isso pode ajudar a explicar uma diferença importante: em termos de busca ativa por promoção e ascensão, mulheres são menos atuantes que homens, na compreensão do estudo.

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“A percepção de líderes mulheres em relação às próprias habilidades se mostra diferente daquela dos homens. Por acreditar que precisa acumular mais skills ou determinado conhecimento específico antes de ascender na carreira, a mulher acaba não perseguindo oportunidades que um homem com o mesmo nível de competência busca no contexto profissional”, comenta Tatiana Iwai, professora do Insper e que conduziu o estudo ao lado de Gustavo Tavares, também professor na mesma instituição.

A pesquisa “Quebrando Mitos sobre Liderança e Gênero: Similaridades e Diferenças Percebidas entre Líderes Mulheres e Homens” buscou analisar se liderados percebem seus gestores mulheres e homens de forma diversa, além de examinar como estes gestores se enxergam em termos de capacidade e motivação para crescer profissionalmente e liderar. O estudo contou com a participação de 1.464 profissionais de diferentes indústrias e níveis hierárquicos.

Quebrando estereótipos

No estudo, os autores lembram que os estereótipos de gênero são expectativas disseminadas sobre como mulheres e homens são e como devem se comportar. Como consequência, estes estereótipos podem contribuir para a ideia de que há um “estilo feminino” e um “estilo masculino” de liderança.

“Muitas empresas ainda esperam um tipo de liderança de homens ou mulheres com base em características apoiadas em puras suposições de como esses líderes são e de quais competências terão. A seleção de determinados profissionais com base em estereótipos, e não nos conhecimentos e reais qualidades das pessoas, pode levar até a contratações equivocadas. Esse é um risco que as companhias devem evitar”, afirma Flavia Alencastro, Diretora Regional da Robert Half.

A pesquisa demonstrou que, na percepção dos profissionais, não há diferenças estatisticamente significativas entre líderes mulheres e homens em nenhuma das duas classes. Pelo contrário, os resultados indicam que eles são percebidos como igualmente competentes, autênticos, benevolentes, humildes e éticos pelos seus liderados. Dessa forma, quebra-se mitos acerca de supostas diferenças de gênero no estilo de liderar e que constituem, mesmo que indiretamente, obstáculos à ascensão feminina nas organizações.

“Os achados são extremamente interessantes, pois reforçam que os fundamentos de uma liderança efetiva e produtiva estão baseados em condutas que não diferem por questões de gênero. Isto é, tanto para mulheres quanto para homens, estabelecer uma escuta ativa, apoiar o time em contextos desafiadores e posicionar-se mesmo frente a situações difíceis são comportamentos essenciais para que gestores consigam apoio e legitimidade perante seus liderados”, acrescenta Tatiana Iwai.