Musk expande poder e alvo, incluindo rivais no setor de IA

A imagem mostra Elon Musk, o CEO de empresas como Tesla e SpaceX. Ele está com cabelo curto e um leve sorriso, usando um terno escuro e uma camisa branca. Ele está sentado e posando com as mãos unidas, em um gesto de reflexão, em um fundo escuro e simples. Sua expressão facial transmite seriedade e foco, sugerindo um ambiente profissional, possivelmente durante uma entrevista ou palestra. A iluminação suave destaca seu rosto e postura (Elon Musk, dell, x, xai, starlink, spacex)

Com a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e Elon Musk ao lado dele, a relação entre Musk e Sam Altman, CEO da OpenAI, voltou a deteriorar rapidamente.

Musk, que já havia processado Altman por alegar traição à missão da OpenAI, retirou a ação temporariamente após uma conversa amistosa ao redor de uma fogueira em um evento em março deste ano. No entanto, após a vitória de Trump, Musk não apenas reabriu a ação, mas também intensificou seus ataques à Altman, dando-lhe o apelido de “Swindly Sam” em sua plataforma X, de acordo com fontes do Wall Street Journal.

Musk investiu US$ 200 milhões na campanha de Trump, o que lhe garantiu uma proximidade com o futuro governo dos EUA. Musk se autodenominou o “Primeiro Amigo” do presidente, e sua influência se estendeu rapidamente não apenas sobre suas seis empresas, incluindo X, Tesla e SpaceX, mas também sobre como o novo governo tratará seus rivais empresariais.

Isso gerou um clima de preocupação em gigantes do setor, como Bill Gates, Jeff Bezos e, especialmente, Sam Altman, que agora se vê em uma posição delicada frente ao governo Trump e ao poder crescente de Musk.

Aliado poderoso na Casa Branca

Musk tornou-se uma figura-chave na transição de governo, ficando constantemente ao lado de Trump em Mar-a-Lago, clube privado de Trump na Flórida, onde ajudou a influenciar decisões importantes, como a indicação de Brendan Carr para liderar a Comissão Federal de Comunicações, uma agência que tem implicações diretas para seus negócios.

Musk até mesmo influenciou conversas estratégicas com líderes de empresas como Alphabet, dona do Google, e TikTok. A proximidade entre Musk e Trump fez com que Altman se tornasse persona non grata, com membros do círculo do presidente afirmando que Musk “não tem tempo” para o CEO da OpenAI.

Altman tentou recorrer a aliados no círculo de Trump, incluindo Jared Kushner e Howard Lutnick, mas, até agora, com pouco sucesso. Lutnick, agora escolhido por Trump para liderar o Departamento de Comércio, também é próximo de Musk, o que coloca Altman em uma posição ainda mais complicada, já que o departamento será responsável pela regulação da IA no país. “Está claro que ele é PNG (persona non grata)”, disse uma fonte próxima à família Trump, referindo-se a Altman.

Rivais em silêncio

A crescente influência de Musk tem feito com que seus rivais tenham medo de falar abertamente sobre ele. Musk já atacou diversos adversários publicamente, e agora, com seu poder político ampliado, esses ataques podem ter consequências ainda mais graves. “Isso me deixa nervoso, a maneira como Trump e Musk tomam decisões é preocupante, e Musk claramente tem influência agora”, disse Adam Smith, deputado democrata de Washington e membro do Comitê de Serviços Armados.

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Musk não esconde seu prazer em lidar com inimigos. Ele já chamou Bill Gates de “inimigo” depois que Gates apostou contra as ações da Tesla, e recentemente atacou Bob Iger, CEO da Disney, por ter retirado publicidade da plataforma X. “Vai se f***. Está claro?”, disse Musk em um evento do New York Times, dirigindo-se a Iger e outros anunciantes que pausaram seus gastos na X. Em agosto, Musk também processou uma coalizão de anunciantes por boicote publicitário, alegando ilegalidade e dizendo: “Tentamos a paz por dois anos, agora é guerra”.

Além de Altman, Musk também mantém uma rivalidade acirrada com Mark Zuckerberg. O fundador da Meta e Musk trocaram farpas em público e até chegaram a discutir um combate de MMA, que nunca aconteceu. Recentemente, Musk intensificou sua rivalidade com Zuckerberg ao desafiar publicamente o CEO da Meta a um combate em qualquer momento ou lugar, sem resposta.

IA sob pressão

O setor de inteligência artificial, especificamente o desenvolvimento de uma IA geral que beneficie a humanidade, foi o ponto de origem do conflito entre Musk e Altman. Os dois fundaram a OpenAI em 2015 com esse objetivo, mas divergências surgiram quando Altman e outros cofundadores rejeitaram a tentativa de Musk de assumir o controle total da OpenAI em 2017.

Musk deixou o conselho da empresa em 2018 e, posteriormente, a OpenAI criou uma frente de negócios com fins lucrativos, aceitando grandes investimentos da Microsoft, decisão que Musk considerou uma traição à missão original da organização. Musk então fundou sua própria empresa de IA, a xAI, para competir diretamente com a OpenAI.

Com Musk agora sentado à mesa política, Altman teme que sua empresa, OpenAI, sofra retaliações. Altman já vinha tentando obter apoio do governo dos EUA para o desenvolvimento de infraestrutura de IA, sem muito sucesso. Antes das eleições, a equipe de políticas da OpenAI havia se reunido com as campanhas de Trump e Harris, propondo um projeto de investimento em IA no estilo do “Projeto Manhattan“.

“Deixamos claro, bem antes das eleições, que vemos essa tecnologia como algo que transcende a política, dada sua importância”, disse Chris Lehane, vice-presidente de políticas globais da OpenAI. “Todos que são americanos querem garantir que os EUA superem a China nisso, e isso significa que a OpenAI precisa estar no centro dessas conversas.”

Briga de longa data

Mesmo com toda a situação desfavorável, Altman não hesitou em responder publicamente a Musk. Após Musk atualizar a ação judicial em novembro, Altman publicou no X capturas de tela do chatbot Grok, da xAI, que afirmava que Kamala Harris seria uma melhor presidente do que Trump. Altman também desejou sucesso a Trump após sua vitória, em uma tentativa de não antagonizar o presidente eleito.

Enquanto isso, Musk, em sua nova posição ao lado de Trump, já deixou claro que sua missão criará ainda mais inimigos nos próximos meses. “Isso será um trabalho tedioso, faremos muitos inimigos e a compensação é zero”, escreveu Musk na X, acompanhado de um emoji de riso.

*Com informações de Wall Street Journal

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