MWC 2025: Open Gateway e colaboração marcam futuro da conectividade global

Imagem da abertura do MWC 2025, destacando um grande palco iluminado por tons de vermelho e preto. No telão, um processador brilhante com a inscrição 'AI' simboliza a inteligência artificial, enquanto a frase 'Change the paradigm of productivity' (Mude o paradigma da produtividade) aparece em destaque. Um executivo de terno escuro e gola alta caminha pelo palco, reforçando a atmosfera de inovação e transformação tecnológica do evento.

Barcelona*, na Espanha, recebe, entre os dias 3 e 6 de março, o Mobile World Congress (MWC) 2025, reunindo empresas do setor de telecomunicações para discutir o futuro da conectividade. Com mais de 2,8 mil expositores, 101 mil visitantes e 1,2 mil palestrantes, o evento mirou neste ano em sua abertura a crescente adoção de interfaces de programação de aplicativo (APIs) abertas, a monetização de redes e a colaboração entre operadoras, governos e reguladores.

Mats Granryd, diretor-geral da GSMA, destacou o crescimento acelerado do 5G, que já alcançou 2 bilhões de conexões e deve impulsionar novas oportunidades. “Agora é hora de eliminar barreiras e acelerar o crescimento”, afirmou. O executivo também apresentou o Mobile Economy Report 2025, que projeta que a contribuição das tecnologias móveis ao PIB global chegará a US$ 11 trilhões até 2030, impulsionada por 5G, internet das coisas (IoT) e inteligência artificial (IA).

Open Gateway e a nova economia das APIs

Granryd provocou sobre a necessidade de fomentar o Open Gateway no setor. A iniciativa da GSMA busca padronizar e abrir as APIs de telecomunicações para novos serviços e modelos de negócios, permitindo que as operadoras de telecomunicações colaborem em uma economia unificada de APIs e ofereçam inovação em escala.

Segundo ele, o mercado endereçável de APIs pode atingir US$ 300 bilhões, e a economia digital baseada em IA generativa pode ultrapassar US$ 5 trilhões. “Temos a chance de criar uma plataforma global de APIs. Estamos definindo o nosso futuro, em vez de outros fazerem isso por nós”, afirmou Vicki Brady, CEO da operadora australiana Telstra.

A executiva destacou que as teles investiram fortemente na infraestrutura de 4G, mas os principais lucros ficaram com as empresas over the top (OTTs). “Agora, nos desafiamos a pensar nossas redes como produto, com valor comercial. Como podemos produtizá-las e pensar diferente desta vez?”, questionou.

Desafios da indústria e necessidade de colaboração

A sustentabilidade financeira do setor também esteve em debate. Sunil Bharti Mittal, presidente da Bharti Airtel, alertou para a baixa rentabilidade das teles. “Gastamos bilhões construindo a infraestrutura digital do mundo, mas o retorno sobre o capital é de apenas 4%”, disse. Ele defendeu a redução de impostos e uma nova abordagem para o leilão de espectro, tornando-o mais acessível. “Não é tempo de lutar, mas de trabalhar juntos”, enfatizou Mittal.

A fragmentação do setor também foi apontada como desafio por ele. Como exemplo, ele citou a Índia. No passado, o país somava 12 operadoras disputando mercado, o que levou à baixa qualidade dos serviços e ao desperdício de infraestrutura. Hoje, apenas três grandes empresas dominam o mercado, permitindo maior escala e cobertura. Para Mittal, operadoras devem competir por qualidade e serviço, e não por duplicação de infraestrutura.

Infraestrutura: desafio global

Com 6 bilhões de pessoas conectadas e uma infraestrutura que conta com 6 milhões de torres e 25 milhões de quilômetros de cabos, o setor de telecomunicações se consolidou como a maior infraestrutura global. No entanto, a expansão exige mais espectro, o “oxigênio” das redes móveis, como definiu Granryd. A GSMA projeta que, até 2030, mais de 3,5 bilhões de pessoas serão adicionadas às redes móveis, demandando investimentos massivos.

Os executivos concordaram que o futuro das telecomunicações dependerá da capacidade da indústria de redesenhar seu modelo de negócios, colaborando com empresas de tecnologia e governos para viabilizar uma nova era de monetização e eficiência. O Open Gateway surge, portanto, como uma das principais apostas para transformar redes em plataformas de serviço, destravando novas oportunidades de receita e criação de valor.

*A jornalista viajou a Barcelona a convite da Intel

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