Namoro ou amizade? O dia em que saí com o pai do Farias

Não sou a Márcia Sensitiva, mas tenho meus momentos. Outro dia, do nada, me veio à cabeça: “E se eu saísse com o pai de um amigo do meu filho, que ainda não conheço?”. No dia seguinte, juro, recebi a seguinte mensagem: “Oi, Bia, bom dia! Sou o Breno, pai do Farias. Será que o Antônio pode estudar aqui?”. Perguntei pro Antônio: “Quem é o Farias?”. Ele: “Um dos meus melhores amigos.” O único detalhe é que ele ainda não sabia o primeiro nome do melhor amigo.
Antônio foi estudar lá e, depois, chamei o Lucca (mistério resolvido) para estudar cá. Nesse interim, troquei mensagens com o pai do garoto. Achei ele simpático e autêntico, sobretudo por áudio. Tem gente que repara no olho, na boca, no cabelo. Eu tenho uma coisa com a voz, e a dele me agradou.
Depois de alguns dias, o pai me escreveu dizendo que o Instagram tinha sugerido o meu perfil. An-hã, sey. Eu também fiquei curiosa para saber mais sobre ele, então pedi para segui-lo. A minha grande questão é que, ao entrar no meu perfil, a pessoa descobre imediatamente que sou bipolar. Não qualquer bipolar, mas a porta-voz da bipolaridade no Brasil. E isso nem sempre é uma grande credencial, sobretudo para quem não entende do riscado.
A grande sacanagem é que tudo o que eu descobri sobre ele é que gosta de água e de ficar sem camisa. E que é um paizão, mas isso eu já tinha percebido. O fato é que as mensagens burocráticas evoluíram para “conversinhas”, uma modalidade de relacionamento que soube que existia através do seu filho. Explico: estávamos jantando — eu, Antônio e o Lucca. Eles Mcdonald’s, eu frango desmaiado, lembrando que já fui obesa e não pretendo voltar a ser.
Acho que fui eu que comecei com o papo: “E aí, de quem vocês gostam?” (me referindo ao coração juvenil). Não quiseram contar, loucos pra contar. Risadinhas pra lá e pra cá. Eu os deixei à vontade: “Se não me contarem, não se levantam dessa mesa hoje, moleques”. O amiguinho confessou: ele estava de “conversinha” com uma garota. Não me contive: eu queria nomes. Chegamos ao ponto de eu chutar a primeira letra do nome da garota até eles confirmarem qual era. Lá se foi o abecedário. Sofri, mas descobri. Mas a vingança veio a galope. “Tia, de quem você gosta?” Eu, óbvio: “De ninguém.” Eles se vingaram: “Se não contar, não tiramos a mesa.” Tive que me virar: “Eu não gosto de ninguém, mas tem gente que gosta de mim”. “QUEEEEMMMM?”. Falei o nome de um rapaz e me fizeram mostrar foto. Foi um alvoroço. Confesso que eu também queria saber o status amoroso do tio Breno. O filho revelou que o pai teve uma namorada (chata) e que contava dos casos dele pra ele, mas que fazia tempo que não contava nada. Aparentemente, free.
Mas, voltando ao papo com os garotos, de repente, o Lucca me solta: “Imagina se meu pai namorasse com a mãe de um amigo meu? Ia ser da hora”. Então deu um exemplo da mãe de um amigo que ele também achava “da hora”, mas que é muito bem-casada, se referindo a como seria maneiro ter um amigo jogador de bola como meio-irmão. Peguei o celular e mandei um áudio pro Breno, contando essa gracinha dos meninos. Não sei bem por que fiz isso, mas, com certeza, meu inconsciente tinha seus motivos.
Papo vai e vem, mandei uma foto minha pra ele, dizendo que estava cansada. Estava, mas não estava feia. Não sou besta. Ele respondeu: “Gata”. Mandei ele ver o meu look do dia lá nos stories do Instagram. No que ele responde: “Para de show q vc não é a Xuxa”. Que bandido! Beleza, não mando mais. Só que o cara me chamou pra sair. Beleza, vou mandar mais.
Confesso que fiquei na dúvida se eu ia. O que eu sabia sobre ele, além de que é descamisado, é que adora moto, carro e tudo que tem motor. Eu sou pilota de Fórmula Zero e tenho medo de tudo que tem ruído de escapamento. Eu não bebo. Perguntei se ele bebia, e o quê. Resposta: “Tudo o que você não bebe”. Senhor. Mas tá, eu fui. Divertido, o tal tio Breno. E o descamisado estava com uma bela camisa.
O detalhe é que ele já havia feito a lição de casa. Deu um Google na Bia Garbato e achou, além de várias entrevistas, minha coluna neste site. Quem me lê sabe: eu não escondo nada de vocês. Tenho uma certa tranquilidade de falar aqui na Jovem Pan o que eu bem quero e faço, já que o site é para assinantes, ou seja, um público seleto. Só que o cara, além de curioso, é esperto, e assinou, né? Bom, ele, por exemplo, já sabia do meu ex. Ô vida.
Findado o encontro, ele me levou até meu carro. Eu juro que não estava com a intenção de beijá-lo, mas também não deixava de estar. E ele me deu um beijo bom. Aquela coisa meio pré-adolescente, meio pós-divórcio. O fato é que o pai do Farias é gente boa. Minha premonição não contou muito mais, então, tudo que me resta é deixar rolar. Decidi mandar essa crônica pra ele. Vamos ver o que ele acha. Afinal, não sou a Xuxa, mas faz parte do meu show.