Novas tarifas dos EUA podem encarecer baterias e travar avanço da transição energética

Com a entrada em vigor de novas tarifas de importação nos Estados Unidos nesta quarta-feira (9), a indústria de baterias se vê diante de um cenário preocupante. A medida, anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, eleva significativamente as taxas sobre produtos de praticamente todos os países, com ênfase ainda maior sobre a China, que agora enfrenta uma tarifa de 125%, segundo atualização divulgada pela Casa Branca.
De acordo com o MIT Technology Review, a situação acende um alerta para o setor de tecnologia climática, particularmente o de baterias, altamente dependente da China em toda a cadeia de suprimentos.
Dados da Agência Internacional de Energia mostram que, em 2023, mais de 75% das células de baterias de íon-lítio do mundo eram fabricadas no país asiático. Além disso, a China concentra 80% da produção de materiais de cátodo e mais de 90% de ânodos, componentes essenciais de qualquer bateria.
Leia também: “Nós passamos por muitos ciclos como esse”, diz CEO do Google Cloud sobre tarifas de Trump
Na prática, isso significa que mesmo fabricantes dos EUA, teoricamente favorecidos por tarifas que encarecem produtos estrangeiros, também sairão prejudicados. Isso porque muitos componentes ainda vêm da China e, com as novas regras, passarão a custar mais. Somando diferentes camadas de tarifas já existentes e as recentes, estima-se que baterias de íon-lítio importadas da China poderão sofrer uma taxação de até 132% em 2026.
Os efeitos econômicos devem ser substanciais. Somente nos quatro primeiros meses de 2024, os EUA importaram US$ 4 bilhões em baterias de íon-lítio da China, o que representa cerca de 70% do total importado. Com o aumento abrupto dos custos, não apenas carros elétricos e sistemas de armazenamento de energia ficarão mais caros, como também dispositivos cotidianos como celulares e laptops.
Mesmo empresas norte-americanas que trabalham com químicas alternativas de bateria não estão imunes. A Lyten, por exemplo, desenvolve baterias de lítio-enxofre e planeja uma nova fábrica para 2027, priorizando componentes nacionais. Ainda assim, como contou ao Heatmap News o diretor de sustentabilidade da empresa, Keith Norman, há incerteza sobre a viabilidade de manter os custos baixos diante das novas tarifas sobre materiais de construção.
Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!