Novo na Câmara, Teixeira quer mais diálogo e promete café da manhã pré-reuniões

O novo presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, Ricardo Teixeira (União), diz que tem um jeito “diferente” de lidar com a Casa. Político experiente — está no sexto mandato como vereador e já teve passagens por secretarias de Haddad, Serra, Kassab e Nunes — ele se autointitula “estagiário” da presidência da Câmara, e não nega que está aprendendo a lidar com a novidade. Nos bastidores, não nega estar entusiasmado com a novidade, mas não esconde o carinho pelas secretarias e o desejo de retomar esse tipo de trabalho em algum momento.

Teixeira, que assume o posto após liderança de quatro anos de Milton Leite (União), foi o convidado da semana no programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan. Questionado sobre o início dos trabalhos — o Legislativo voltou do recesso na última segunda-feira, 3 — o novo presidente da Câmara repetiu várias vezes que é pouco adepto ao embate e que prefere o diálogo. Entre os planos dele para 2025, está, inclusive, o convite para que os líderes dos partidos tomem café da manhã juntos semanalmente, antes do Colégio de Líderes, para que as reuniões avancem para além das brigas.

Na semana passada, Teixeira conseguiu reunir cerca de 33 vereadores numa pizzaria no bairro da Mooca, zona leste. A reunião contou com representantes da direita e da esquerda. Ele também garante que vai “pautar tudo o que vier de projeto”. Para Teixeira, desde que os textos sejam aprovados pela Comissão de Constituição e Justiça, ou seja, estejam dentro da lei, todos devem ser discutidos, uma vez que os parlamentares foram eleitos pela população com base justamente nas ideias que carregam.

Relação com Nunes

Apesar de os trabalhos legislativos mal terem começado, a relação de Teixeira com Nunes já enfrentou algumas rusgas. Teixeira quer pautar, por exemplo, uma discussão sobre a regulamentação do uso de mototáxi na cidade, enquanto Nunes não pretende mexer no assunto após a Justiça validar o decreto da Prefeifura que proíbe o serviço. Alem disso, recentemente, o prefeito de São Paulo pediu o retorno dos servidores comissionados que trabalham na Câmara à gestão municipal, o que gerou desconforto entre os vereadores. Muitos fizeram a leitura de que Nunes, agora sem Milton, com quem tinha muita afinidade, quer enfraquecer a Casa.

Publicamente, no entanto, os dois minimizam eventuais rusgas e garantem que a conversa e o acerto de pautas faz parte do jogo. No Direto ao Ponto, no entanto, Teixeira chegou a dizer que pediu para o prefeito de São Paulo para eles convocarem melhor antes de levar assuntos a público e garantiu que, apesar de se darem bem, “um comanda a Câmara e, outro, a Prefeitura” – o presidente da Casa Legislativa afirma que não vai deixar de pautar discussões relevantes para os parlamentares, e que o prefeito tem direto ao veto – assim como os vereadores podem derrubá-lo.

Teixeira disse, ainda, que quer analisar vetos de prefeitos que estão “congelados” na Casa. Segundo ele, são mais de 600, desde antes dos anos 2000.